São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MORTES EM SÉRIE

Idéia, diz secretário, é integrar parque a outros empreendimentos voltados para o turismo na zona sul de SP

Governo pretende expandir o zoológico paulistano

DA REPORTAGEM LOCAL

As mortes de animais por envenenamento no Zoológico de São Paulo ocorreram no momento em que um "plano de expansão" para a instituição está em curso, diz Fernando Dias Menezes de Almeida, secretário-adjunto de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo.
Segundo Almeida, o objetivo é colocar o zôo, que faz 46 anos no próximo dia 16, entre as principais atrações turísticas do Estado. Hoje, o público freqüentador do local, que nos finais de semana chega a 12 mil pessoas por dia, é principalmente de paulistanos buscando lazer, não turistas.
O zôo será integrado a um grande projeto do governo estadual -um plano de ligação, via transporte, de áreas como o zôo e o parque do Estado, que ficam em zonas de conservação, a outros empreendimentos voltados para o turismo na região sul -como o Centro de Exposições Imigrantes.
Novidades já implantadas, como a visita noturna ao zôo e transporte integrado do local para o metrô fazem parte do plano.
Para Almeida, no entanto, não há relação entre a mortes e projetos do governo ou da diretoria do zôo, hipótese investigada pela polícia. "Não há razões para alguém querer desmoralizar a diretoria."
Desde o dia 24 de janeiro, 61 animais morreram no local vítimas de envenenamento com um poderoso raticida de produção e venda proibidas no país, segundo a instituição. Há laudos positivos para envenenamento para 56 casos, informou a polícia.
De acordo com Almeida, a atual diretoria, que assumiu há três anos, conseguiu mudar substancialmente o perfil do zôo, com uma série de "medidas de saneamento administrativo, mudança no tratamento dos animais" -ele nega que existissem irregularidades. Diz que houve um melhor direcionamento dos recursos.
Em 2001, com a extinção da secretaria de Esportes e Turismo, decisão da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), o zôo passou para o comando da Ciência.
Almeida destaca o caráter mais científico que o zôo passou a ter na atual gestão. "Praticamente dobramos os profissionais técnicos. O zôo definiu técnicas de tratamento dos animais, de reprodução, de caráter excelente, além de desenvolver o intercâmbio de informações com instituições."
De acordo com José Luiz Catão Dias, diretor científico do zôo, a instituição entende como expansão investimentos em curso para sua consolidação como unidade educativa e de reprodução de espécies sob risco de extinção.
O zôo tem obtido bons resultados na reprodução de bichos ameaçados, como araras azuis, felinos brasileiros e micos -tem uma das maiores coleções dessa espécie do mundo, com mais de 60 animais.
Entre os principais projetos que foram temporariamente atrapalhados pelas mortes está o de trazer casais de primatas amazônicos, como o macaco barrigudo.
O zôo também negocia com instituições da África do Sul para trazer cães selvagens ameaçados de extinção, ursos-de-óculos dos Andes, além de coalas, da Austrália -neste último caso, o patrocinador desistiu na última hora, mas Dias diz que o fato não tem nada a ver com as mortes.
"Temos certeza de que esses fatos não abalarão a confiança que as instituições internacionais têm no zôo", afirma Dias.
Os animais são obtidos por meio de permutas com zoológicos de todo o mundo.
(FABIANE LEITE)


Texto Anterior: Crise de 29 pôs fim à vanguarda interiorana
Próximo Texto: Panorâmica - Polícia: Corpo de motorista é encontrado em rio de SP com as mãos algemadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.