São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mulher de um dos acusados se contradiz sobre álibi

DA SUCURSAL DO RIO

A mulher do soldado Carlos Jorge de Carvalho, Suelen Camilo dos Santos, 20, se contradisse, em entrevista à Folha, sobre o que o marido fazia na hora da matança de 30 pessoas ocorrida na quinta passada na Baixada Fluminense.
No início da entrevista, realizada de manhã, Suelen, que não trabalha nem estuda, disse que, enquanto acontecia a chacina, o marido dormia com ela na casa da família, em Belford Roxo (município na Baixada Fluminense).
Ao final da entrevista, que durou 15 minutos e ocorreu na porta da casa, Suelen afirmou que ela e o marido ficaram de quarta a sábado em Barra de São João (litoral do RJ), onde a família está construindo um imóvel de veraneio.
Questionada sobre a contradição, ela gaguejou. Em seguida, reafirmou que o casal estava em Barra de São João e que um pedreiro da cidade -cujo nome disse não lembrar- poderia confirmar o álibi do marido.
Ela contou que o marido foi preso no domingo, em casa, após almoçar com parentes. "Não deu tempo de falar nada com ele. Isso pegou a gente de surpresa. Ainda não falei com ele sobre tudo isso, mas é uma injustiça muito grande o que estão fazendo", afirmou Suelen, definindo o policial militar como "um ótimo filho, um ótimo pai e um ótimo marido".
Carvalho, 31, e Suelen estão casados há seis meses. Ele tem um filho de 5 anos do primeiro casamento. O casal mora com os pais dele na melhor casa do bairro Parque Palmeiras, na divisa entre Belford Roxo e Nova Iguaçu.
A casa contrasta com os imóveis vizinhos. O bairro é um loteamento plano que cresceu ao longo da linha férrea. Vivem ali famílias de baixa renda em casas velhas, quase todas em condições precárias de conservação.
A casa de Carvalho tem dois andares, varanda, muros altos e acabamento em pedras, alumínio e azulejos. Do outro lado do trilho, o PM tem um terreno murado em que cria gado, porcos e cabras.
Radicado no bairro desde os cinco anos, Carvalho é querido pela vizinhança. Todas as pessoas ouvidas pela Folha disseram que Carlos, como é conhecido, se caracteriza pelo bom comportamento e procuraram elogiá-lo.
"Quem o conhece sabe que jamais teria envolvimento com essa chacina. É uma pessoa carinhosa que adora ficar com amigos", disse Suelen. (SERGIO TORRES)


Texto Anterior: Massacre na Baixada: Gol apreendido reforça suspeita contra PMs
Próximo Texto: Juventude encarcerada: Febem decide punir reincidente com isolamento de até 30 dias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.