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FEBEM
Entidade aponta desrespeito do governo ao Estatuto da Criança e do Adolescente
Abrinq pede explicações a Covas
da Redação
A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança enviou carta, na última quarta-feira, ao governador
do Estado de São Paulo, Mário
Covas (PSDB), em que critica a
falta de determinação de sua gestão para resolver os problemas da
Febem (Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor).
No documento assinado pelo
presidente do Conselho de Administração da Abrinq, Oded Grajew, em nome de outros conselheiros, a entidade lembra que faz
sete meses que Covas anunciou a
adoção de medidas para reformulação da política de atendimento
aos menores infratores e que as
rebeliões nas unidades da Febem
continuam a ocorrer com frequência.
Relata que no final de março o
secretário de Assistência e Desenvolvimento Social do Estado, Edsom Ortega, a quem está subordinada a Febem, esteve reunido
com integrantes da Abrinq para
expor iniciativas que deveriam
"surtir efeito positivo sobre a população infanto-juvenil".
A Abrinq pergunta, então, "por
que as condições cruéis, degradantes e desumanas de atendimento marcam o cotidiano dos
jovens internos?"
A carta afirma que o governo de
São Paulo tem desrespeitado o Estatuto da Criança e do Adolescente, "recorrendo a instâncias superiores" do Judiciário "para protelar e evitar" o seu cumprimento.
"A despeito da lei e do interesse
público, praticamente reduz-se a
idade de imputabilidade penal no
Estado de São Paulo", diz a carta.
Desrespeito
A entidade diz no documento
que "o governo paulista continua
desconsiderando e desrespeitando a deliberação de número 18 do
Conselho Estadual dos Direitos
da Criança, que prioriza os aspectos socioeducativos da medida de
internação".
A Abrinq reclama também da
dificuldade que conselheiros tutelares e representantes de entidades de direitos humanos encontram para ter acesso às dependências da Febem, "o que estimula a
ocultação de procedimentos e, sobretudo, a impunidade."
"Por que não conseguimos ver
os avanços na política de atendimento à criança e ao adolescente
no Estado? Onde está o espaço de
fiscalização desses conselhos, que
Vossa Excelência havia anunciado?", pergunta o documento.
A atuação "impune de grupos
corruptos e de torturadores que
manipulam os jovens ao sabor de
seus interesses" também é lembrada na carta, que credita essa
denúncia ao relatório de fevereiro
de 2000 do Movimento Nacional
de Direitos Humanos intitulado
"O Estado Infrator."
Penitenciárias
O documento condena o que
considera a solução apresentada
pelo governo do Estado para resolver o problema da Febem: as
grandes penitenciárias, como a de
Parelheiros, na zona sul de São
Paulo, "construídas com maior
rapidez e empenho do que as unidades de atendimento descentralizado."
A Abrinq cobra o acolhimento
de jovens com medidas socioeducativas em pequenas unidades,
medida que, segundo a entidade,
não desrespeita o Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Uma dos fatores levantados pela Fundação Abrinq para explicar
o motivo de rebeliões ainda estarem ocorrendo com frequência
no Estado é o fato de ainda não terem sido concluídas as unidades
de internação.
"Os jovens infratores continuam reclusos em estabelecimentos inadequados. Por quanto tempo mais continuaremos assistindo a cenas de violência nos estabelecimentos da Febem?", indaga
o documento.
Uma cópia do documento foi
enviada ao secretário Edsom Ortega.
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