|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEQUESTRO
Quadrilha, que teria assaltado casa de Cláudia Reali no começo do ano, tinha sido chamada de "amadora" por policiais
Polícia tem retrato falado de cinco suspeitos
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia afirma já ter o retrato
falado de pelo menos cinco suspeitos de pertencer à quadrilha
que sequestrou Cláudia Reali de
Oliveira Ribeiro e seus três filhos.
Apesar de classificar o grupo como "amador" e "inexperiente" no
começo do sequestro, a polícia
não prendeu nenhum suspeito.
Na opinião da polícia, a quadrilha que sequestrou a família foi a
mesma que roubou a casa de
Cláudia, na alameda Gabriel
Monteiro da Silva, no Jardim Paulistano (zona oeste de São Paulo),
no começo do ano. O grupo levou
um cofre com várias jóias.
Por isso, policiais avaliam que a
quadrilha é integrada por assaltantes que teriam resolvido fazer
um sequestro por causa do resultado desse assalto.
O número de reféns foi apontado na época por policiais como
um sinal da inexperiência do grupo e de que o sequestro não iria
durar muito tempo. O desfecho
do caso mostrou que os policiais
subestimaram a quadrilha.
Os retratos falados foram feitos
com base em informações de funcionários da casa de Cláudia. Um
detento que teria ligação com a
quadrilha também teria fornecido
informações que ajudaram a polícia na identificação do grupo.
Os retratos falados não foram
divulgados. "Temos de primeiro
concluir a investigação", disse o
delegado Wagner Giudice, diretor
da DAS (Divisão Anti-Sequestro).
A polícia afirma que se manteve
distante do caso na negociação do
resgate a pedido da família de
Cláudia. A Folha apurou que a
polícia temia que um desfecho negativo do sequestro pudesse prejudicar a campanha de reeleição
de Geraldo Alckmin (PSDB) ao
governo do Estado.
"Se não tiver a informação segura, se ficar no campo da elucubração, tentando estourar qualquer
lugar que seja o cativeiro, acaba
dando errado", afirmou o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) de São Paulo.
De janeiro a março deste ano, o
Estado de São Paulo teve 110 sequestros, 168% a mais do que no
mesmo período de 2001, segundo
a Secretaria da Segurança Pública.
A Grande São Paulo tem hoje sete
sequestros em andamento.
O secretário da Segurança Publica, Saulo de Castro Abreu Filho, chegou a afirmar em sua solenidade de posse, em janeiro deste
ano, que reduziria essa estatística
negativa para, no máximo, dez sequestros por ano.
De acordo com Bittencourt,
houve um investimento em treinamento para combater esse tipo
de crime. "Todos os delegados
mais antigos já tiveram inclusive
cursos na Itália. Para os mais novos, damos preparação com aulas
teóricas de como investigar e negociar", afirmou. Segundo Bittencourt, a polícia já prendeu 176 sequestradores neste ano.
Ele admite, no entanto, que a
terceirização chegou ao ramo dos
sequestros. "Tem bandido que
não gosta de cativeiro. Há um envolvimento muito grande de mulheres, há necessidade de aparentar uma casa normal. Essa terceirização é porque há um pessoal que está se especializando em abordagem", avaliou.
Texto Anterior: Sequestro: Empresário resgata filhos por R$ 420 mil Próximo Texto: Família não se preocupava com segurança Índice
|