AFONSO BENITES
DA AGÊNCIA FOLHA

As prefeituras de 66 dos 496 municípios gaúchos vão paralisar suas atividades para tentar economizar água. A região oeste do Rio Grande do Sul passa por uma forte estiagem. Em 21 municípios, as aulas nas escolas municipais serão suspensas na semana que vem; nas demais 45 cidades, não haverá aula na segunda nem na sexta.
Expedientes nos órgãos municipais serão suspensos. Segundo duas associações de municípios do Estado, serão mantidos só os serviços essenciais -saúde e coleta de lixo.
A estimativa dos 21 municípios é economizar R$ 700 mil, segundo o presidente da Amuceleiro (Associação dos Municípios do Celeiro do RS), Claudemir Locatelli. "A cada dia [de serviço público] parado, economizaremos o dinheiro usado para transportar água pelos municípios por até dois dias", diz Locatelli. Quase 10 mil estudantes ficarão sem aulas.
Os prefeitos dos 45 municípios pedirão aos governos federal e estadual mais ajuda financeira para reduzir o impacto da estiagem e um aumento no repasse do Fundo de Participação dos Municípios. "A paralisação foi a maneira que encontramos de debater esses assuntos", disse o secretário da Amzop (Associação dos Municípios da Zona de Produção), Saul Mattei.
No RS, 177 municípios decretaram situação de emergência; no PR, 14; em SC, 94 -nestes, as prefeituras não devem parar.
Segundo Samuel Braun, meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar (do PR), a estiagem se deve ao fenômeno La Niña, que altera a circulação dos ventos e a atuação de frentes frias no oceano Pacífico, reduzindo as chuvas no Sul.
Segundo o meteorologista Eugenio Hackbart, diretor do instituto Metsul, sempre que em uma região do mundo há excesso de chuva, em outra vai faltar precipitação. "Mas essa relação entre volume intenso de chuva no mundo e situação de estiagem em outra parte é totalmente aleatória."
Não é possível, no entanto, fazer uma relação direta entre as chuvas do Nordeste e a estiagem no Sul do país.


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