São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Grevista da USP quer parar centro de saúde

Paralisação comandada pelo Sintusp prevê interromper hoje o atendimento em unidade que faz mil atendimentos por dia

Com o movimento iniciado pelos funcionários, os estudantes estão desde terça-feira sem transporte interno e bandejão


MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) anunciou para hoje a paralisação de atendimentos não-emergenciais no Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa, no Butantã (zona oeste), ao lado da cidade universitária e gerido pela USP.
Os funcionários do centro se juntarão aos mais de 65% dos 15 mil trabalhadores da USP que já aderiram ao movimento, diz o sindicato. Eles reivindicam aumento salarial de 17% e incorporação de R$ 200. A USP afirma que negocia com a categoria e que está agendada uma reunião para o próximo dia 18.
O movimento exige ainda a readmissão do ex-dirigente do Sintusp Claudionor Brandão, exonerado, segundo o movimento, em razão de sua atuação como sindicalista. A USP diz que houve um processo administrativo disciplinar, sem citar detalhes.
Em razão da greve, não funcionam desde terça-feira os bandejões, o transporte interno, a Editora da USP, o Centro de Práticas Esportivas e alguns serviços dentro das unidades.
O centro de saúde do Butantã realiza cerca de mil atendimentos por dia, segundo a chefe de pessoal e atendente de enfermagem Jupiara de Castro -boa parte vive na região.
Ela conta que as pessoas com consultas não urgentes estão sendo contatadas e informadas de que os horários serão remarcados após o fim da paralisação dos funcionários. Práticas dos alunos de medicina no local também serão interrompidas.
Pacientes que foram à unidade ontem receberam um panfleto com o número de telefone e eram orientados a telefonar ao fim da greve. Serviços como saúde mental e atendimento a gestantes e tuberculosos, que não podem sofrer interrupção, serão mantidos.
"Estamos tentando mostrar que o movimento é para melhorar o atendimento", diz Jupiara. Além das reivindicações do Sintusp, os funcionários do centro de saúde pedem melhorias no prédio, que tem paredes desgastadas e fios soltos.
Apesar da intenção de melhoria, a proposta de aderir à greve recebeu críticas de pacientes. A dona de casa Margarida Flores, 78, afirma que retira remédios na unidade e não quer ficar sem eles.
Já o cientista político Artur Zimerman diz que os funcionários poderiam protestar de outra forma. "Quem vem aqui é porque precisa. Eles deveriam paralisar apenas serviços não essenciais", afirma.
Outra unidade de saúde da USP, o HU (Hospital Universitário), não decretou greve.
Procurada no final da tarde de ontem, a USP informou que não conseguiu localizar nenhum diretor da Faculdade de Medicina para comentar a paralisação anunciada. Disse, porém, que as aulas continuam ocorrendo, como a reportagem pôde comprovar na ECA (Escola de Comunicação e Artes) e na FFLCH (filosofia, letras e ciências humanas). Alguns laboratórios estavam fechados.
À noite, funcionários da USP de Ribeirão Preto já haviam aderido ao movimento, segundo o Sintusp. Hoje é a vez de os alunos realizarem assembleia, às 18h, para discutir uma possível greve. Um dos temas da pauta é a crítica ao incentivo que vem sendo dado pelo Estado à formação à distância.


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