São Paulo, sábado, 07 de junho de 2008

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Estudo defende redução de glicose para diabéticos e contesta pesquisa anterior

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

O controle do baixo nível de açúcar no sangue de diabéticos garante a redução nos riscos de morte por doenças do coração, afirma estudo divulgado ontem no congresso da ADA (Associação Americana de Diabetes), em São Francisco (EUA).
A pesquisa afirma ter encontrado o nível ideal do controle glicêmico (6,5%) para evitar complicações como infarto e AVC em diabéticos, que hoje são cerca de 10 milhões no Brasil e 250 milhões no mundo.
As conclusões contestam um estudo do governo dos EUA publicado em fevereiro, que afirmou ter detectado mais mortes por eventos cardíacos em pacientes que tiveram o índice glicêmico controlado em 6,4%.
Para o estudo divulgado ontem, chamado de "Advance", controlar o índice glicêmico em 6,5% da hemoglobina glicada (uma análise do sangue que mede a concentração de glicose nos últimos três meses) reduz em cerca de 12% o risco de morte por problemas cardíacos.
A pesquisa foi feita entre 2003 e 2008 pelo George Institute for International Health, de Sydney, Austrália, com 11.140 diabéticos do tipo 2 que tiveram problemas cardíacos ou com risco de desenvolvê-los. O estudo usou a substância glicazida MR (medicamento usado para reduzir a glicemia), que baixa os níveis de glicose.
O resultado foi a diminuição de eventos microvasculares (como retina e rins) em 14%, macrovasculares (coração) em 6% e da mortalidade por problemas cardíacos em 12%.
O resultado contesta a principal conclusão do último grande estudo do gênero, o "Accord". A pesquisa afirmou ter registrado 54 mortes a mais em pacientes que tiveram o controle glicêmico mantido em 6,4%, contra um grupo mantido com esse nível em 7,5%. Os pesquisadores cancelaram os estudos devido às mortes.
"O que se achou que seria a maior causa das mortes foi os pesquisadores terem obtido essa baixa do nível glicêmico de uma forma muito rápida", afirmou o médico Leão Zagury, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Para o médico Rogério de Oliveira, 77, especializado em diabetes e portador da doença do tipo 1, o principal fator para garantir a redução de risco cardíaco não é tentar reduzir ao máximo o índice glicêmico, mas monitorá-lo para que ele não ultrapasse os níveis considerados de risco -acima de 7%.


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