|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANGRA 1
Segundo documento, o número de panes ocorridas no reator no 1º trimestre deste ano é preocupante
Relatório aponta falha em usina nuclear
RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio
Falhas no sistema de segurança
da Usina Nuclear Angra 1 (litoral
sul do Rio) causaram 11 interrupções no funcionamento do reator
em menos de um ano.
Seis delas aconteceram no primeiro trimestre deste ano. Índices
internacionais de segurança de
reatores consideram aceitável
uma interrupção por trimestre.
A denúncia consta de relatório
feito pelo físico Luiz Pinguelli Rosa, 57, vice-diretor da Coope/
UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro). O documento
foi encaminhado ao procurador-geral da República no Rio, Daniel
Sarmento.
Segundo Pinguelli, o que mais o
preocupa é o número de panes
ocorridas no reator nuclear nos
primeiros três meses do ano -o
levantamento engloba o funcionamento da usina de junho de 98
a março deste ano.
De acordo com o relatório, as
principais causas das panes no
reator são a falta de manutenção
do sistema -os componentes já
gastos não estariam sendo substituídos- e o que Pinguelli definiu
como "evento externo", ou seja,
falhas no abastecimento de energia elétrica da usina. Cada um
desses fatores corresponde a 36%
das panes.
Pinguelli afirma que um dos
problemas relacionados à suposta
falta de manutenção é a corrosão
na tubulação dos geradores de vapor. Segundo ele, 9% da tubulação já teria sido afetada. A corrosão, de acordo com o físico, acarreta perda de potência.
"Nesse caso, o índice tolerável é
de 15%. A partir daí, o reator não
pode mais funcionar."
Outros problemas apontados
pelo relatório são a redução no
número de funcionários qualificados nos quadros da Eletronuclear (operadora da usina) e a intranquilidade dos empregados
depois da cisão da antiga operadora (Furnas Centrais Elétricas).
O físico defendeu a interrupção
das atividades de Angra 1 para
apuração dos fatos expostos no
relatório.
Segundo Pinguelli, o relatório
foi elaborado a partir de dados
fornecidos a ele por técnicos e
professores universitários da área
de energia nuclear.
O físico afirma que as informações constam também de relatório de rotina que a Eletronuclear
(empresa que opera a usina) enviou à CNEN (Comissão Nacional
de Energia Nuclear), órgão fiscalizador no Brasil, e à WANO (Associação Mundial de Operação Nuclear), entidade que controla o
funcionamento dos geradores
nucleares no mundo.
O procurador Daniel Sarmento
disse que enviou ofício à Eletronuclear e à CNEN solicitando explicações sobre a denúncia, com
prazo para que as respostas sejam
encaminhadas à Procuradoria até
o final desta semana.
O diretor de relações institucionais da Eletronuclear, Luís Soares,
afirmou que as informações do
relatório estão em uma carta que
a empresa enviou à CNEN em
abril, sugerindo melhorias no desempenho de Angra 1. Ele disse
que os dados apresentados no relatório "não são alarmantes".
Texto Anterior: MEC decide reabrir inscrição para Enem Próximo Texto: Enchentes deixam 1.100 pessoas desabrigadas em Santa Catarina Índice
|