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Ex-parque "do medo" mantém-se como ponto gay
DA REPORTAGEM LOCAL
O Trianon já foi o parque do
medo na década de 80, imagem
que, dizem frequentadores e admiradores, não corresponde mais
à realidade. Hoje, o abandono é a
marca mais apropriada, principalmente por parte da população.
"É um fantasma, as pessoas ficaram com medo de entrar no Trianon", considera a arquiteta Maria
Cecília Barbieri Gorski, autora do
estudo de revitalização do espaço,
sob encomenda da Abap (Associação Brasileira de Arquitetos
Paisagistas).
O mesmo pensa a gerente do
Conjunto Nacional, Vilma Peramezza, que coordenou a Comissão Permanente de Revitalização
do Trianon. "Antes de qualquer
obra gigantesca, era preciso trabalhar essa questão da imagem.
Eu vejo um empenho muito grande da atual administradora, mas
era preciso mais", afirma.
A frequência do parque é um reflexo do problema. Segundo a
prefeitura, cerca de mil pessoas
circulam por suas alamedas sinuosas de segunda a sexta-feira.
Nos fins de semana, são 3.000.
Se comparado a outros parques,
não é baixa. O Burle Marx, no
Campo Limpo (zona sul), tem frequência semanal de 60 pessoas.
No entanto a região onde está o
Trianon é uma das de maior circulação da cidade. Segundo a
SPTrans, 224.989 pessoas pegam
ônibus na avenida Paulista diariamente, por exemplo.
O abandono do Trianon pela
população se deu pelo medo da
violência e também por ser um
dos espaços mais procurados por
homossexuais e garotos de programa. No passado, um fato esteve ligado ao outro.
Em 1989, um acontecimento
serviu para selar essa combinação. Naquele ano, foi preso Fortunato Bottom Filho, o maníaco do
Trianon. Ele confessou ter assassinado 12 homossexuais que o
procuravam no local, para fazer
programas.
As ocorrências policiais caíram
nos últimos anos, mas a paquera
homossexual não. Policiais que
trabalham no local narram cenas
de sexo explícito, homens que se
masturbam no playground que fica no bloco de trás do parque, michês que atacam clientes.
Dois guardas-civis fazem a ronda permanentemente, auxiliados
por policiais militares. Mas a estrutura fechada do Trianon dificulta a patrulha.
Por outro lado, os homossexuais só podem ser autuados caso
contrariem a lei, precisamente em
atitudes que caracterizem atentado violento ao pudor. Se utilizarem o parque para paquerar, não
podem ser punidos por isso.
A parte dos fundos do parque,
diz um policial que não quis se
identificar, é a mais procurada
por eles. A Guarda Civil afirma
que são poucos os que promovem
cenas constrangedoras e, quando
o fazem, são reprovados pelos outros homossexuais que usam o
Trianon para paquerar. Pelo menos um por semana é detido.
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