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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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Prefeitura de SP aposta nas APAs

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o ritmo de desmatamento da cidade de São Paulo se mantiver, em 70 anos a vegetação remanescente (760 kmē) cairá pela metade. A constatação está feita, mas fica a pergunta: como impedir a consolidação da selva de pedra?
A resposta imediata da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente está na criação de duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs): uma no extremo leste e outra no extremo sul da cidade.
A idéia é, ao mesmo tempo, evitar que as regiões continuem a perder vegetação e formar corredores que liguem as principais áreas verdes da capital, possibilitando à fauna e à flora mobilidade que é fundamental para a manutenção da riqueza da biodiversidade -quando não migram, as espécies sofrem empobrecimento genético, consequência de cruzamentos consanguíneos.
No leste, a APA Cabeceiras do Aricanduva deve fazer uma ponte com a APA do Carmo e as matas remanescentes de Ferraz de Vasconcelos e Poá (Grande SP). No sul, a APA da península do Bororé, na margem da represa Billings, se liga à APA Capivari Monos.
A área de proteção ambiental é uma unidade de conservação de uso sustentável, dentro da qual é possível ter moradores e atividades econômicas, desde que seja seguido um zoneamento. A área é gerenciada por um conselho onde a população local tem voz.
Os projetos estão em análise no gabinete da prefeita Marta Suplicy (PT), de onde deverão ir para votação na Câmara Municipal.
"As APAs, apesar de não serem fáceis de gerenciar, são uma boa idéia porque possibilitam às pessoas da região se envolver e assumir uma parte da responsabilidade pela preservação da área", diz Pedro Jacobi, do Procam/USP.
Mas é preciso também atacar a raiz do problema, diz, fornecendo infra-estrutura para quem vive de forma precária nos locais desmatados e criando condições de parar a migração para a periferia, o que se consegue apenas com políticas de habitação e emprego.
"A questão habitacional é mesmo central, mas não é problema só da prefeitura. É problema do Estado e da União também", sustenta a geóloga Harmi Takiya, subprefeita da Mooca (zona leste de SP) e uma das coordenadoras do atlas ambiental. (MV)


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