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SAÚDE/NUTRIÇÃO
Carboidrato ajuda no raciocínio
Estudo mostra que consumidores regulares de carboidratos tiveram melhor desempenho em teste de rapidez de raciocínio do que pessoas que praticamente os excluíram da dieta
Os participantes que substituíram o componente por proteínas e gorduras por dois meses demoraram mais para raciocinar
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Evitados por pessoas com
medo de engordar, os carboidratos são parte importante da
alimentação, os principais responsáveis por fornecer energia
para o cérebro e podem contribuir para uma melhor velocidade de raciocínio.
É o que mostra uma pesquisa
publicada em setembro pelo
"American Journal of Clinical
Nutrition", em que pessoas que
fizeram uma dieta considerada
"mais" balanceada, com 46% de
carboidratos e 30% de gorduras, tiveram melhor desempenho em testes de raciocínio rápido que aquelas que praticamente excluíram os carboidratos da alimentação, substituindo-os por proteínas e gorduras.
Os 93 participantes, todos
com sobrepeso ou obesos, foram submetidos ao teste de rapidez de raciocínio ao início da
pesquisa. Os "mais lentos" entraram em uma dieta que continha arroz, batata, massa e pão,
entre outros ingredientes.
Dois meses depois, eles repetiram o teste e foram mais rápidos que o grupo da dieta com
pouco carboidrato, baixando
seu tempo cerca do dobro do
valor reduzido pelos outros. A
pesquisa foi feita na Austrália
com participação de cientistas
da Universidade de Adelaide.
Para o nutricionista da USP
Daniel Bandoni o resultado
ressalta a importância dos carboidratos nas refeições. "A glicose é um dos principais fornecedores de energia para o funcionamento do cérebro, é o seu
combustível, e sua falta pode
prejudicar o raciocínio e a concentração", diz.
Tamanha importância têm
os carboidratos que a OMS (Organização Mundial da Saúde)
recomenda que eles correspondam de 55% a 75% da energia
da alimentação, e mesmo o grupo que comeu carboidratos regulamente na pesquisa ficou
um pouco abaixo dessa faixa.
Isso significa pelo menos um
alimento rico em carboidrato
por refeição, segundo Eliana
Bistriche Giuntini, pós-doutoranda que estuda o aumento
das taxas de glicose no sangue
por alimentos fontes de carboidratos, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
Ela diz que, no almoço e jantar, é saudável comer arroz ou
pelo menos uma massa, ou ainda batatas ou mandioca. Já nos
lanches, o recomendado é o
consumo de pão ou até biscoito
e bolo, evitando os cremes e recheios porque são ricos em gordura e açúcar refinado.
"As pessoas acham que todo
carboidrato engorda. Na verdade, o que faz mal não é comer
uma massa, mas sim a quantidade excessiva. Deve-se evitar,
por exemplo, tomar vários copos de café com açúcar por dia,
ou consumir muito refrigerante. Já as pizzas têm carboidrato,
mas também têm gordura", diz.
A pesquisadora afirma ainda
que, na ausência de carboidratos, o organismo obtém glicose
a partir de proteína ou da gordura, mas que "são mecanismos mais desgastantes".
Mediterrâneo
A dieta do mediterrâneo,
com predomínio de carboidratos e fibras, já demonstrou em
outras pesquisas que influi positivamente no funcionamento
cognitivo, de acordo com Paulo
Caramelli, coordenador do Departamento de Neurologia
Cognitiva da Academia Brasileira de Neurologia.
Entretanto, ele credita a diferença da rapidez de raciocínio
detectada, principalmente, ao
excesso de gordura consumido
pelo grupo da dieta "sem" carboidrato. "Pesquisas mostraram que o excesso de gordura
pode elevar os níveis de cortisol
no sangue, o que pode afetar a
memória. Além disso, a gordura pode causar uma intolerância a glicose, que tem importante papel na cognição."
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