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Juan Abadía faturou até R$ 130 milhões por mês
Dados de abril de 2003 mostram que, em 17 dias, ele recebeu US$ 37,7 milhões
Computador encontrado
tinha gastos, estoques e
listas com detalhes como
"Projeção para o primeiro
semestre de 2008"
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ano de 2003 foi excepcional para o megatraficante Juan
Carlos Ramírez Abadía. Uma
planilha Excel com a data de 30
de abril desse ano registra que o
colombiano recebeu US$ 37,7
milhões em 17 dias. Uma simples regra de três mostra que,
nessa época, ele faturava US$
70 milhões por mês -o equivalente a R$ 130 milhões. Se o fluxo fosse constante, ele faturaria
R$ 1,5 bilhão por ano -o equivalente ao faturamento da Gradiente em 2005.
Outra planilha revela que,
entre 5 de janeiro e 11 de novembro de 2004, o traficante
enviou 122,7 toneladas para os
Estados Unidos e a Europa. O
volume corresponde a praticamente um quarto de toda cocaína produzida na Colômbia
naquele ano -500 toneladas
segundo estimativa das agências antidrogas.
O volume de saída de dinheiro também era elevado. Só o pagamento mensal de propinas
na Colômbia consumia R$ 7,6
milhões, como está anotado em
outra planilha. Há também dados das propinas eventuais: entre 12 e 24 de dezembro de
2004, Abadía comprou presentes para funcionários públicos
e policiais no valor de US$ 2,8
milhões.
Todos esses dados e uma
contabilidade tão detalhada
que especifica o gasto de uma
de suas ex-mulheres com troca
de óleo do carro foram encontrados em um computador de
Abadía apreendido na Colômbia pela polícia.
O conteúdo do computador,
revelado pela jornalista Gloria
Congote na revista "Semana"
da Colômbia, é tão bombástico
que a polícia mudou a posição
hierárquica dele no narcotráfico. Após o computador, Abadía
já não é um dos maiores traficantes colombianos, como se
dizia genericamente. É o maior.
À frente até de Diego León
Montoya, o Don Diego, que era
considerado o número 1.
Os especialistas em narcotráfico já sabiam que Abadía era
bilionário. O DEA (polícia antinarcóticos dos EUA) estimava
que sua fortuna era de US$ 1,8
bilhão (R$ 3,5 bilhões). A análise inicial do computador indica
que a estimativa pode ser conversadora.
Cocaína Corp.
Abadía controlava todos os
detalhes do seu negócio como
se fosse o presidente de uma
grande corporação. No computador apreendido, há arquivos
que revelam um impressionante grau de profissionalismo na
administração só pelos nomes
que recebiam: "entradas
2002", "fluxo da companhia no
2º semestre 2006" e "projeções
no 1º semestre 2008".
A produção e os estoques de
cocaína são acompanhados
com precisão. Em 15 de maio de
2003, por exemplo, um informe detalha: "Em Bolívar [cidade colombiana] temos em estoque 6.126 unidades" -unidade significava quilo, segundo apurou a polícia.
Os donos das cargas enviadas
eram detalhados. Numa remessa de dez toneladas, seis eram
de Abadía e o restante pertencia a cinco pessoas. Um paramilitar, Ramón Isaza, é citado como dono de meros 50 quilos.
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