São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Criança brasileira fica sem estudo no Japão

MEC estima que 25% das crianças e adolescentes que se mudam para o país oriental com os pais ficam foram da sala de aula

Muitos pais não fazem a matrícula porque pretendem ficar só dois anos no exterior e acham que os filhos podem ficar esse tempo sem estudar

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Todos os anos, pelo menos 25 mil brasileiros se mudam de mala e cuia para o Japão em busca de oportunidade profissional, segundo a Embaixada do Japão no Brasil. Muitos levam a família toda, incluindo crianças e jovens. Hoje já são mais de 300 mil brasileiros do outro lado do mundo, cerca de 60 mil em idade escolar, de acordo com o MEC (Ministério da Educação brasileiro). Desses, 25% estão fora da escola.
"Há cerca de 15 mil crianças que não estão matriculadas em nenhuma escola por lá", conta a chefe-substituta da assessoria internacional do MEC, Cláudia Baena, responsável pelo Japão. "O que se imagina é que algumas estejam com pais em trânsito [mudando de uma província para outra], que uma minoria estude em escola japonesa sem nenhum reforço de idioma e que as demais simplesmente não estejam na escola."
Para apurar melhor as causas do problema, Cláudia foi com uma equipe ao Japão. O governo japonês também está preocupado com a situação. Na cidade de Hamamatsu, onde muitos jovens trocaram o estudo pelo trabalho, a prefeitura está tentando localizar os que estão fora da sala de aula distribuindo folhetos em português e japonês (leia nesta página). Cláudia suspeita que muitos pais não matriculam as crianças simplesmente porque imaginam que vão ficar, no máximo, um ou dois anos no Japão para juntar dinheiro e que, nesse período, os filhos não precisam freqüentar a escola.
"É um erro. Eles estão em fase de desenvolvimento e precisam estudar", afirma. "Vamos identificar as dificuldades dos brasileiros e traçar estratégias com o governo japonês." Há, ainda, outra dificuldade: algumas famílias chegam a se mudar de província três vezes por ano, por conta de transferência de emprego.
Das crianças e jovens matriculados, sabe-se que a maioria freqüenta escolas japonesas, que são gratuitas, com aulas de reforço de língua -para que possam entender os professores e colegas. Elas ficam aptas a freqüentar as faculdades japonesas ou brasileiras. Ainda assim, alguns pais e estudantes temem a dificuldade com a língua. "Estamos levando propostas de ajuda ao governo japonês sobre essa questão da língua. Sabemos que a diferença é grande, mas dá para todo mundo se entender."
Uma minoria dos emigrantes está em colégios brasileiros no Japão, que são pagos pelas famílias, e seguem o currículo daqui. "Atualmente há pouco mais de 90 escolas dessas lá, mas apenas 49 entraram com pedido de reconhecimento no CNE [Conselho Nacional de Educação]", diz Baena.


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