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Criança brasileira fica sem estudo no Japão
MEC estima que 25% das crianças e adolescentes que se mudam para o país oriental com os pais ficam foram da sala de aula
Muitos pais não fazem a matrícula porque pretendem ficar só dois anos no exterior e acham que os filhos podem ficar esse tempo sem estudar
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Todos os anos, pelo menos 25
mil brasileiros se mudam de
mala e cuia para o Japão em
busca de oportunidade profissional, segundo a Embaixada
do Japão no Brasil. Muitos levam a família toda, incluindo
crianças e jovens. Hoje já são
mais de 300 mil brasileiros do
outro lado do mundo, cerca de
60 mil em idade escolar, de
acordo com o MEC (Ministério
da Educação brasileiro). Desses, 25% estão fora da escola.
"Há cerca de 15 mil crianças
que não estão matriculadas em
nenhuma escola por lá", conta a
chefe-substituta da assessoria
internacional do MEC, Cláudia
Baena, responsável pelo Japão.
"O que se imagina é que algumas estejam com pais em trânsito [mudando de uma província para outra], que uma minoria estude em escola japonesa
sem nenhum reforço de idioma
e que as demais simplesmente
não estejam na escola."
Para apurar melhor as causas
do problema, Cláudia foi com
uma equipe ao Japão. O governo japonês também está preocupado com a situação. Na cidade de Hamamatsu, onde muitos jovens trocaram o estudo pelo trabalho, a prefeitura
está tentando localizar os que
estão fora da sala de aula distribuindo folhetos em português
e japonês (leia nesta página).
Cláudia suspeita que muitos
pais não matriculam as crianças simplesmente porque imaginam que vão ficar, no máximo, um ou dois anos no Japão
para juntar dinheiro e que, nesse período, os filhos não precisam freqüentar a escola.
"É um erro. Eles estão em fase de desenvolvimento e precisam estudar", afirma. "Vamos
identificar as dificuldades dos
brasileiros e traçar estratégias
com o governo japonês." Há,
ainda, outra dificuldade: algumas famílias chegam a se mudar de província três vezes por
ano, por conta de transferência
de emprego.
Das crianças e jovens matriculados, sabe-se que a maioria
freqüenta escolas japonesas,
que são gratuitas, com aulas de
reforço de língua -para que
possam entender os professores e colegas. Elas ficam aptas a
freqüentar as faculdades japonesas ou brasileiras. Ainda assim, alguns pais e estudantes
temem a dificuldade com a língua. "Estamos levando propostas de ajuda ao governo japonês
sobre essa questão da língua.
Sabemos que a diferença é
grande, mas dá para todo mundo se entender."
Uma minoria dos emigrantes
está em colégios brasileiros no
Japão, que são pagos pelas famílias, e seguem o currículo daqui. "Atualmente há pouco
mais de 90 escolas dessas lá,
mas apenas 49 entraram com
pedido de reconhecimento no
CNE [Conselho Nacional de
Educação]", diz Baena.
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