|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vistoria em outubro apontou falta de rádio
Observadores internacionais visitaram Cindacta após a queda do Boeing da Gol
Visitantes apontaram a ausência de equipamento de reserva que pudesse ser acionado em caso de uma pane no sistema central
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma equipe de observadores
internacionais ficou com duas
certezas depois de vistoriar o
centro de controle de tráfego
aéreo de Brasília, em outubro:
1) a Aeronáutica não dispõe de
um rádio independente de reserva, para o caso de pane na
central; 2) a sala onde estava o
equipamento era vigiada segundo padrões internacionais.
Então comandante do Cindacta-1 (Centro Integrado de
Defesa Aérea e Controle do
Tráfego Aéreo), o coronel Lúcio
Nei Rivera explicou na ocasião
que não havia um sistema reserva porque era muito raro
ocorrer uma pane. Mas foi justamente uma falha considerada improvável como essa que
gerou novo caos nos aeroportos
ontem e anteontem.
Uma pane que, segundo a
Ifatca (Federação Internacional das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo), não
é tão rara na aviação internacional. Problemas de rádio, no
radar ou nos computadores
que avaliam os planos de vôos
das aeronaves costumam ocorrer com freqüência. A diferença, segundo a entidade, é a capacidade de reagir de forma eficiente para evitar novos casos.
A mesma central de áudio do
Cindacta-1 já apresentou três
panes neste ano, mas nunca
chegou ao colapso de todas as
freqüências de contato com os
aviões como anteontem.
Uma equipe da Ifatca visitou
o Cindacta em outubro, logo
depois da queda do vôo 1907, da
Gol, maior acidente aéreo da
história do país, com a morte de
154 pessoas. Os técnicos estrangeiros foram recebidos pela Aeronáutica, que franqueou
o acesso a todas as instalações.
Ontem, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou apenas que o Cindacta-1 dispõe de dois equipamentos,
um usado como titular e outro
como reserva. Os dois funcionam conectados e concomitantemente, segundo o Cindacta-1.
Os militares abriram uma
sindicância para apurar o que
aconteceu e convidaram a Polícia Federal a auxiliar na investigação. Sabe-se que por duas
ocasiões, na terça, os controladores de Brasília não conseguiam contatar aviões em vôo.
A Aeronáutica informou em
nota que ocorreu um problema
na interface de telefone e rádio
usada pelos controladores. Os
consoles onde eles trabalham
permitem tanto chamadas telefônicas -para outros centros
em caso de necessidade ou
emergência- como contato via
rádio, em diferentes freqüências, com os aviões.
O programa de computador
que permite essa interação teria apresentado falha, segundo
dados preliminares. A "mistura" de telefone e rádio também
foi alvo de críticas da Ifatca,
mas a Aeronáutica não julgou
as sugestões relevantes.
Já o elogio dos controladores
de tráfego da federação diminui
a força da suspeita de sabotagem, levantada pela Aeronáutica. Segundo Christoph Gilgen,
porta-voz da Ifatca, a sala onde
está a central de áudio segue o
mesmo padrão de vigilância,
disposição dos equipamentos e
restrição no acesso de países da
América do Norte e Europa.
Texto Anterior: Congonhas e Cumbica voltam a registrar atrasos Próximo Texto: Problemas começaram na segunda-feira Índice
|