São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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Vistoria em outubro apontou falta de rádio

Observadores internacionais visitaram Cindacta após a queda do Boeing da Gol

Visitantes apontaram a ausência de equipamento de reserva que pudesse ser acionado em caso de uma pane no sistema central

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma equipe de observadores internacionais ficou com duas certezas depois de vistoriar o centro de controle de tráfego aéreo de Brasília, em outubro: 1) a Aeronáutica não dispõe de um rádio independente de reserva, para o caso de pane na central; 2) a sala onde estava o equipamento era vigiada segundo padrões internacionais.
Então comandante do Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), o coronel Lúcio Nei Rivera explicou na ocasião que não havia um sistema reserva porque era muito raro ocorrer uma pane. Mas foi justamente uma falha considerada improvável como essa que gerou novo caos nos aeroportos ontem e anteontem.
Uma pane que, segundo a Ifatca (Federação Internacional das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo), não é tão rara na aviação internacional. Problemas de rádio, no radar ou nos computadores que avaliam os planos de vôos das aeronaves costumam ocorrer com freqüência. A diferença, segundo a entidade, é a capacidade de reagir de forma eficiente para evitar novos casos.
A mesma central de áudio do Cindacta-1 já apresentou três panes neste ano, mas nunca chegou ao colapso de todas as freqüências de contato com os aviões como anteontem.
Uma equipe da Ifatca visitou o Cindacta em outubro, logo depois da queda do vôo 1907, da Gol, maior acidente aéreo da história do país, com a morte de 154 pessoas. Os técnicos estrangeiros foram recebidos pela Aeronáutica, que franqueou o acesso a todas as instalações.
Ontem, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou apenas que o Cindacta-1 dispõe de dois equipamentos, um usado como titular e outro como reserva. Os dois funcionam conectados e concomitantemente, segundo o Cindacta-1.
Os militares abriram uma sindicância para apurar o que aconteceu e convidaram a Polícia Federal a auxiliar na investigação. Sabe-se que por duas ocasiões, na terça, os controladores de Brasília não conseguiam contatar aviões em vôo.
A Aeronáutica informou em nota que ocorreu um problema na interface de telefone e rádio usada pelos controladores. Os consoles onde eles trabalham permitem tanto chamadas telefônicas -para outros centros em caso de necessidade ou emergência- como contato via rádio, em diferentes freqüências, com os aviões.
O programa de computador que permite essa interação teria apresentado falha, segundo dados preliminares. A "mistura" de telefone e rádio também foi alvo de críticas da Ifatca, mas a Aeronáutica não julgou as sugestões relevantes.
Já o elogio dos controladores de tráfego da federação diminui a força da suspeita de sabotagem, levantada pela Aeronáutica. Segundo Christoph Gilgen, porta-voz da Ifatca, a sala onde está a central de áudio segue o mesmo padrão de vigilância, disposição dos equipamentos e restrição no acesso de países da América do Norte e Europa.


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