São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2010

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Soro dado a jovem tinha frasco igual ao de vaselina

Menina morreu em hospital após receber substância errada na veia

Hospital São Luís Gonzaga diz que guarda substâncias em locais separados; unidade afastou 16 funcionários

DO "AGORA"
DE SÃO PAULO


A polícia investiga a possibilidade de embalagens iguais terem levado uma auxiliar de enfermagem a confundir o soro que deveria ser aplicado na estudante Stephanie dos Santos Teixeira, 12, com vaselina líquida.
A menina morreu na madrugada de sábado, após procurar o hospital São Luís Gonzaga, no Jaçanã (zona norte de SP), com vômito.
Ela recebeu 50 ml de vaselina na veia, segundo o atestado de óbito emitido pela Santa Casa de Misericórdia, que administra o hospital.
De acordo com a polícia, a suspeita é que, na hora de trocar a embalagem de soro vazia por outra cheia, a auxiliar de enfermagem tenha se enganado e colocado o vasilhame com vaselina.
Médicos dizem que a vaselina, por não se dissolver no sangue, entope as veias e pode até causar uma embolia.
As duas substâncias eram armazenadas em garrafas de vidro iguais, com tampas azuis, segundo material apresentado pelo hospital ontem. Ambas são transparentes. A única diferença é a identificação do rótulo -feita por uma etiqueta.
A direção do hospital afirmou à polícia que as substâncias ficam guardadas em locais separados.
O caso é tratado pela polícia como homicídio culposo.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal), que vai dizer a causa da morte, deve demorar pelo menos 15 dias. Ontem, Roseana Mércia Teixeira, mãe da menina, esteve na delegacia para depor e reconhecer por fotos o funcionário responsável pelo engano.
A polícia irá ouvir as 16 pessoas, entre enfermeiros e auxiliares, que participavam daquele plantão, além dos médicos responsáveis. Eles foram afastados do trabalho.
A vaselina costuma ser utilizada nos hospitais em pacientes com queimaduras graves. É aplicada na pele para evitar que ataduras grudem na área ferida, diz Adriana Castanho, chefe de enfermagem do hospital particular São Luiz.

ERROS
Arnaldo Lichtenstein, clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor da USP, diz que frascos de soro feitos de vidro ainda existem, mas não são comuns. A maioria dos hospitais utiliza a substância em sacos plásticos.
Anteontem, a mãe de Stephanie disse que a filha recebeu duas doses de soro de um recipiente plástico e piorou depois que o soro foi trocado por outro que estava em um vidro. Erros como o esse são raros, diz Lichtenstein.
Ele diz que atualmente já há hospitais que utilizam até leitores de códigos de barra para ter certeza de que o medicamento que será aplicado é o mesmo que foi receitado.


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