São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004

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William, 8, anda uma hora até a escola

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo desempregada, Maria Trindade Dias, 41, levanta de madrugada e, às 6h15, já está na porta de sua casa, no Jardim Ângela, extrema zona sul de São Paulo.
O motivo, apesar de nobre, é sacrificante: ela leva o filho William, 8, a pé até a Escola Municipal de Ensino Fundamental Herbert de Souza, no Capão Redondo, que dista mais de 2,5 km de sua casa. O trajeto a pé leva uma hora.
No caminho, ela cruza com peruas do Vai-e-Volta, criado para atender aos alunos mais novos da rede municipal que têm famílias de baixa renda e moram a mais de 2 km da escola. William preenche os três principais requisitos do programa. A prefeitura alega que há prioridades e que será feito um recadastramento dos beneficiados do programa.
"Há dois anos eu tento colocar ele no programa. Ele reclama de ter de andar tanto, chora. Por isso pago R$ 35 para uma perua trazer ele para casa na hora da saída. Quando fica muito apertado, peço dinheiro para minha mãe para pagar esse transporte", conta ela, que é analfabeta e diz fazer questão de ter os filhos na escola.
Porcino dos Reis Miranda, 12, está na idade de atendimento, mas vai de lotação para a escola, distante mais de 5 km de sua casa. "Tenho colegas que moram aqui e tem transporte." Sua mãe, Analice dos Reis Miranda, 46, diz desconfiar do programa. "A prefeitura gosta de dizer que existe Vai-e-Volta. Só que ele não funciona. Se é para ter, que seja para todos. Se não dá para todos, que não seja para ninguém." (FM)


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