São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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MEIO AMBIENTE
Segundo especialistas, vazamento ocorrido no sábado provocou pequeno impacto ambiental
Após 33 dias, balsa é retirada do rio Pará

Dirceu Maués/Interfoto
Funcionários fazem o resgate da balsa Miss Rondônia, que não voltou a apresentar vazamentos


da Agência Folha, em Barcarena (PA)

O óleo BPF (derivado de petróleo usado em caldeiras) que vazou no rio Pará no último sábado, durante a primeira tentativa de flutuação da balsa Miss Rondônia, causou pequeno impacto ambiental, segundo avaliação dos órgãos ambientais e de especialistas.
Após 33 dias afundada no rio Pará, a balsa, que continha 1.920 toneladas do combustível, foi resgatada ontem no final da manhã. Não houve novos vazamentos. O acidente de sábado teria sido causado pela ruptura na carcaça da bomba de sucção.
Pela estimativa do diretor de Controle e Fiscalização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Pará, Luiz Régis Furtado, o vazamento foi de 500 a 1.000 litros.
"Se realmente vazaram 1.000 litros, o impacto é mínimo num local como o rio Pará", disse o diretor do Departamento de Geociências da UFPA (Universidade Federal do Pará), Francisco Matos. O rio Pará tem cerca de 20 km de largura e sua profundidade varia de 4 a 30 metros.
Vera Nobre Braz, professora de engenharia química da UFPA, afirmou que o contato do óleo com água e o solo prejudicou o ecossistema. "No local existem microorganismos que são a base da cadeia alimentar dos peixes."
O óleo que vazou ficou confinado na barreira de contenção de 40 centímetros, feita com sacos de areia.
Como o óleo BPF é mais denso que a água, o produto se manteve no fundo do rio.
A principal preocupação dos técnicos durante o resgate era com a possibilidade de existir alguma rachadura na embarcação que liberasse mais o óleo. Nada foi encontrado. Ontem, os mergulhadores estavam utilizando malhas especiais para absorver as últimas manchas de óleo.

Multas
Mesmo com o baixo impacto, a Sectam (Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente) e o Ibama estudam os valores das multas que irão aplicar à Texaco devido ao vazamento.
Furtado, do Ibama, disse que a multa pode variar de R$ 5 mil a R$ 50 milhões, valor cobrado da Petrobras pelo vazamento de óleo na baía de Guanabara, ocorrido no início deste ano.
A Sectam autuou a Texaco pelo acidente, mas espera a defesa da empresa -a Texaco tem 15 dias para fazê-la. Em seguida, será determinado o valor da multa. De acordo com a legislação estadual, a taxa pode chegar, no máximo, a R$ 10 mil.
Felício Pontes Júnior, procurador da República, prepara uma ação cautelar contra a empresa, exigindo indenização aos pescadores da região. Ele quer também que a Texaco pague os custos do estudo de impacto ambiental que será exigido pelo Ministério Público Federal. "Queremos contratar uma empresa independente", disse.
O gerente-regional da Texaco, José Ferreira Amim, não quis comentar as implicações jurídicas do acidente. "Isso é assunto para os nossos advogados."
(LUÍS INDRIUNAS)


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