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Lula atribui crise de deportação à eleição espanhola deste domingo
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu ontem à disputa eleitoral na Espanha parte
da "culpa" pela recente deportação de brasileiros do país.
Ao chegar no começo da noite ao Palácio das Laranjeiras,
residência oficial do governador do Rio de Janeiro, ele afirmou que o tema da imigração
"é muito forte na Europa" e criticou os "conservadores" que
desejam barrar a entrada de
imigrantes pobres.
"Obviamente que eu acho
que muito está ligado com a
questão eleitoral, porque o tema da imigração na Europa é
muito forte, e normalmente os
partidos mais conservadores
têm quase que uma vontade de
proibir, sabe, que os pobres de
outros países adentrem os seus
países, sem lembrar que um dia
nós recebemos os pobres dos
países deles", afirmou.
Neste domingo, os espanhóis
escolherão o próximo presidente do país.
Lula cobrou ontem reciprocidade da Espanha e disse que
pretende conversar já na próxima semana com o presidente
eleito. "Não é possível que depois de tantos anos de relação a
gente tenha brasileiros sendo
proibidos de entrar na Espanha", disse o presidente.
O presidente afirmou que há
um clima "tenso" na Europa
porque, segundo ele, "normalmente as pessoas que vão para
a Europa são pessoas mais pobres, sobretudo de países da
América latina e africanos".
"E nós sabemos que no mundo, quando uma pessoa vai ficando bem de vida, ela começa
a se afastar dos parentes para
que eles não lhe peçam nenhum favor... isso na vida política é assim", disse, em aparente crítica ao tratamento dado
pelos espanhóis aos brasileiros
que tentavam entrar em Madri.
"A única coisa que eu peço é
que todos os países do mundo
tratem os brasileiros dos seus
países como nós tratamos eles
aqui. Tratamos os portugueses
com muita deferência, tratamos os espanhóis com muita
deferência, tratamos japoneses
com muita deferência (...)",
afirmou.
Sobre um eventual regime de
imigração comum na Europa,
Lula disse que isso não deveria
ser colocado em prática entre
Portugal e Brasil, já que os dois
países têm relação muito antiga, "quase de pai para filho".
Polêmica
A polêmica com a Espanha
aumentou depois que, nesta semana, o país não admitiu a entrada dos estudantes de mestrado Patrícia Rangel e Pedro
Luiz Lima, que chegaram a Madri. Os espanhóis têm ampliado
o número de recusas - a média
diária, de seis em 2006, saltou
para 15 no mês passado.
Mais cedo, o petista participou de abertura de exposição
comemorativa dos 200 anos da
chegada da corte portuguesa ao
Brasil, ao lado do presidente
português, Aníbal Cavaco Silva.
Lula exaltou a chegada dos
portugueses ao Brasil, mas depois acabou reconhecendo que
atualmente, apesar de os dois
países terem relações "fortes",
elas ainda estão "aquém daquilo que a história obriga que tenhamos".
Ele defendeu que Portugal
seja a porta para o fomento das
relações do Brasil com a Europa. Lula e Cavaco Silva jantaram no Palácio das Laranjeiras.
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