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EDUCAÇÃO
Institutos de São Paulo desenvolvem projeto piloto na zona sul; objetivo é que policial amplie diálogo com alunos
ONGs testam alternativas de segurança
DA REPORTAGEM LOCAL
Organizações não-governamentais ligadas à educação e segurança pública têm uma visão
diferente da apresentada pelo governo sobre a questão da violência nas escolas.
Para os institutos Sou da Paz e
Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a
Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente), blitze e detectores de metal não resolvem o
problema: a solução é saber quando aplicar o Código Penal e quando recorrer ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Em outras palavras, o policial
deve ter em mente que às vezes é
melhor conversar com o aluno do
que levá-lo à delegacia cada vez
que uma infração for cometida.
Com essa filosofia, os dois institutos criaram o projeto "Polícia e
Escola", que reuniu 38 policiais,
entre soldados e cabos da PM, para debater as especificidades do
policiamento escolar. O projeto,
inédito no país, foi financiado pelo programa "Paz nas Escolas", do
Ministério da Justiça.
A primeira etapa do "Polícia e
Escola" foi concluída no último
dia 26. PMs distribuídos em duas
turmas diferentes tiveram aulas
durante uma semana. Segundo a
coordenadora do curso, Mariana
Thorstensen Possas, o objetivo
era mostrar aos policiais alternativas de ação fora do Código Penal.
Os policiais foram selecionados
entre as três companhias do 1º
BPM, escolhido por pertencer a
uma região considerada de risco,
no Jardim São Luís (zona sul), onde existem 74 escolas estaduais.
A proposta foi aprovada pelo
major Souza Lima, do 1º BPM. "O
curso foi excelente, os policiais
gostaram e aprenderam coisas
novas sobre a escola."
O major nega que o novo modelo aumente o papel social da polícia -uma das críticas que vêm
sendo feitas pelo secretário da Segurança de São Paulo, Saulo de
Castro Abreu Filho, para quem
"polícia tem que fazer trabalho de
polícia" e não ser requisitada para
atender partos, remover mendigos ou prestar assistência social.
"Antes, tudo era assunto de polícia", diz Souza Lima. Agora, segundo ele, a PM dividirá responsabilidades com professores, diretores e pais de alunos.
Aprendizado
Os policiais Joaquim Soares Neto, 33, e Celso Kitadani, 43, participaram do curso piloto de policiamento escolar. Ambos se disseram satisfeitos com a experiência e só fazem uma sugestão: além
de PMs, o curso deveria reunir diretores e professores.
Segundo eles, o curso deveria
ser incorporado definitivamente
ao currículo da PM.
Kitadani e Neto fazem parte da
3ª Companhia do 1º BPM e são veteranos na área de ensino. Neto
trabalha há três anos na mesma
escola, a Afiz Gebara, no Jardim
São Luís (zona sul). Já chama as
secretárias e professoras pelo nome e conhece boa parte dos 1.600
alunos (do ensino fundamental
ao médio) do prédio.
O cabo Kitadani está há mais
tempo na área. Há 20 anos atua no
policiamento escolar e hoje é responsável pela coordenação da
equipe que cuida da segurança
em estabelecimentos de ensino na
área da 3ª Companhia.
A diretora da Afiz Gebara, Maria Aparecida da Rocha, reforça o
papel de "educadores" desses policiais. "Mas policial e professor
têm papéis diferentes", ressalva.
A diretora se diz satisfeita com o
trabalho da PM na região. "Se tentarem tirar o Neto daqui, eu chamo de volta", afirma ela. (RENATO ESSENFELDER)
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