São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EDUCAÇÃO

Críticos e defensores do exame dizem que ele é um sucesso de repercussão, negativa ou positiva, e defendem mudanças

Para reitores, custo do provão é elevado

DA SUCURSAL DO RIO

Representantes de instituições e entidades contrárias ou a favor do provão são unânimes em dois pontos ao fazer um balanço do exame. O primeiro é que ele foi um sucesso do ponto de vista da repercussão (negativa ou positiva) na opinião pública. O segundo é que o processo de avaliação do ensino superior precisa de mudanças, sejam elas radicais ou apenas de aperfeiçoamento.
O presidente da Andifes (entidade que representa reitores de universidades federais), Mozart Vieira, critica o alto custo do exame. "É muito elevado. Há uma certa redundância no processo quando um curso que já tirou sucessivos A ou B [os melhores conceitos" é avaliado anualmente. Esses cursos poderiam receber um selo de qualidade e ser avaliados em intervalos maiores, o que diminuiria o custo", afirma Vieira.
Tancredo Maia Filho, coordenador do provão, não concorda com a afirmação de que o exame é caro. "O custo é da ordem de R$ 25 milhões, o que dá cerca de R$ 5.100 por curso. É muito barato se levarmos em conta a quantidade de informação que ele presta. É um valor muito aquém do que uma consultoria privada cobraria para detectar as deficiências de um curso", diz.
Vieira, da Andifes, vê como ponto positivo o fato de o exame ter mostrado à sociedade a qualidade das universidades públicas. Para ele, no entanto, a avaliação centralizada pode engessar os currículos dos cursos, induzindo os departamentos a privilegiar apenas o conteúdo cobrado no exame para que seus alunos tenham melhor desempenho.
Heitor Pinto Filho, da Anup, critica o fato de o provão não medir o que os especialistas chamam de valor que o curso agrega a um estudante. "Muitas instituições recebem um aluno de nível E e o transformam em um de nível C. Essa instituição está agregando mais ao estudante do que uma que recebe um estudante em um vestibular concorrido com nível A e deixa ele no nível C", explica.
Maia Filho e o ministro Paulo Renato Souza destacam como ponto positivo do provão o fato de ele permitir que o estudante compare a qualidade dos cursos antes da matrícula. Para o ministro, o provão mostrou que havia muitas faculdades com pouca tradição com cursos de bom nível, que passaram a ser reconhecidas.



Texto Anterior: Educação: MEC quer fim do sigilo de nota do provão
Próximo Texto: Sem entusiasmo: Estudantes vivem casos especiais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.