São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2006

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Bombas e tiros atingem 34 agências bancárias no Estado, deixando um ferido

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ataques consecutivos na madrugada de ontem atingiram, com metralhadoras e bombas de coquetel molotov, 34 agências bancárias no Estado, 12 delas na capital. Um homem ficou ferido. Ninguém foi preso.
Na ação mais ousada, na Vila Prudente (zona leste), criminosos jogaram um carro contra uma agência do Unibanco e atearam fogo ao automóvel. O veículo atropelou o morador de rua Gilmar Xavier de Almeida, 46, que dormia sob a marquise. Ele está internado no Hospital Estadual da Vila Zelina com trauma crâniomaxilofacial. Não tem previsão de alta, mas seu estado é estável.
O crime ocorreu às 4h, na avenida Zelina. Uma Ecosport preta parou no estacionamento em frente à entrada da agência, o motorista saiu e, segundo a polícia, provavelmente colocou um suporte no acelerador para fazer o carro, engatado, andar.
"O banco do carro estava cheio de álcool. Tanto que a primeira parte que pegou fogo foi a traseira", afirmou uma testemunha que pediu anonimato. O criminoso fugiu numa motocicleta vermelha, que o acompanhava na ação. "Foi um susto muito grande."
Um outro morador de rua, de cerca de 50 anos, dormia na marquise, mas não se feriu.
Preta por causa da fuligem, com pedaços de ferro retorcido, borracha e vidro espalhados no chão, a agência não funcionou ontem. Durante todo o dia, a agência reunia curiosos, assustados com o que ocorrera. O fenômeno consistia em observar, atônitos, o cenário de destruição pós-ataque.
"Vim tirar dinheiro. Não sabia que tinham feito isso. Eles [criminosos] têm que atacar os políticos corruptos, não os bancos", disse o aposentado Waldemar, 67 -ele não quis fornecer o sobrenome.

Ferro retorcido
Também na zona leste, o Bradesco da avenida São Miguel, na altura da Penha, foi atingida com bombas e tiros. Três caixas eletrônicos estavam carbonizados, as janelas, sem vidro, estavam retorcidas e parte do teto de gesso desabou.
Outras duas agências do banco, na avenida do Cursino (zona sul) e na avenida Marechal Tito (em São Miguel Paulista) foram atacadas.
Em Arthur Alvim (zona leste), três agências -do Banespa, Itaú e Banco do Brasil - foram atingidas em menos de 300 metros, na avenida Maciel Monteiro. As duas primeiras foram metralhadas; a última, alvo de uma bomba. A poucos quilômetros dali, um coquetel molotov explodiu nos caixas eletrônicos de um Banco do Brasil da avenida Paranaguá, em Ermelino Matarazzo.
Foi a terceira vez que os bancos passaram a figurar na lista de alvos dos criminosos. Em maio, na primeira onda de ações atribuídas ao PCC no Estado, 19 agências bancárias foram atacadas; em julho, 14.
Em nota, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) manifestou "indignação" em relação aos ataques, mas ressaltou confiar no poder do Estado em "garantir a ordem pública e a segurança da população". O sindicato dos bancários de São Paulo e Osasco quer que as agências atacadas reabram apenas se apresentarem condições de segurança.


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