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Lembo diz que foi pego de surpresa, mas que se sente emocionalmente mais forte
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
Cláudio Lembo (PFL), disse
ontem não temer a nova onda
de ataques, mas reconheceu
que os novos atentados pegaram o governo de surpresa. Nega, no entanto, que tenha faltado trabalho de inteligência à
polícia paulista.
FOLHA - O governo foi pego de surpresa pelos novos ataques?
CLÁUDIO LEMBO - Ele estava
aguardando [corrige], nós estávamos aguardando alguma situação nova em torno do Dia
dos Pais, mas não achávamos
que seria já. E houve essa surpresa na noite de ontem.
FOLHA - Essa surpresa não revela
falta de trabalho de inteligência?
LEMBO - Não, não, temos as escutas todas, mas não havia idéia
de ataque imediato nesses dias.
Havia todo um trabalho de segurança, tanto que houve um
confronto direto com eles. Dois
foram mortos, dois feridos e
cinco foram presos.
FOLHA - Como foram dadas as ordens para os ataques?
LEMBO - Não sei te responder.
Existem muitas variáveis e
sempre tem um grupo pronto
para praticar um ato qualquer.
Se veio ordem, se foi espontâneo, é difícil de responder.
Acho que eles estão perdendo o
controle do tráfico. Está cerceado o tráfico e, com isso, há
um desespero financeiro, que
gera esses ataques loucos.
FOLHA - O secretário Saulo continuará à frente da segurança?
LEMBO - Fica, e que bom que fique. E não se encontra amedrontado. Ao contrário, ele ataca, vai para defesa da sociedade
com segurança e firmeza.
FOLHA - Hoje o dia amanheceu
tenso com os ataques, mas o governo fez festa na entrega de carros policiais. Não era o caso de ter adiado?
LEMBO - Não. Era um evento
programado, mais de 700 viaturas. Nós liberamos logo as
viaturas que já estão em uso.
Não houve festa nenhuma.
Houve só entrega das viaturas e
um esclarecido do que havia
acontecido pelo secretário de
Segurança Pública. Festa zero.
Não vi festa nenhuma.
FOLHA - O ministro Thomaz Bastos
voltou a oferecer ajuda do Exército...
LEMBO - Gostaria muito de ver
o Exército nas fronteiras. Entre
o que capturamos nesta noite,
tem uma metralhadora .12. Isso
entra pelas fronteiras, não é
equipamento brasileiro. Portanto, ele poderia ver bem as
fronteiras e ficar menos nos tapetes de São Paulo. [Além disso,] são 200 homens disponíveis. Eles são úteis para o Exército, é até uma questão de solidariedade com o Exército.
FOLHA - Essa questão não está politizada demais?
LEMBO - Eu acho. Mas, da minha parte, não. Vocês têm visto
um equilíbrio muito grande,
uma consciência firme. Não estou amedrontado. Estou firme
combatendo o crime. Se alguém está amedrontado, não
deveria estar em São Paulo. Ou,
então, não deveria exercer cargos públicos. Um homem público nunca fica amedrontado.
Um homem público, perante os
momentos difíceis, deve se sentir mais forte, firme quando é
agredido ou exigido.
FOLHA - O sr. se sente mais forte
após os ataques?
LEMBO - Me sinto mais forte
sim pela solidariedade que São
Paulo tem me dado, pela solidariedade que a polícia tem me
oferecido. Me sinto emocionalmente e fisicamente muito forte e sem nenhum medo.
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