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Saída para Dia dos Pais gerou atentados
Presos temem não poder passar o domingo fora das prisões; há suspeitas de que novos ataques estejam programados
Sistema prisional também vive tensão porque Polícia Civil cogitou transferir homens do 2º escalão
do PCC para presídio federal
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A possibilidade de que cerca
de 10 mil presos não recebam o
benefício da saída temporária
para poder passar o Dia dos
Pais fora das prisões paulistas
foi um dos principais motivos
para a terceira onda de ataques
atribuídos ao PCC (Primeiro
Comando da Capital) contra o
Estado e a ordem econômica.
A previsão é que a Justiça,
por meio das varas de execuções criminais, comece a conceder o benefício já a partir de
quinta, mas a liberação dos detentos ainda não foi confirmada. Informações oficiosas dão
conta de que o PCC estaria programando para o domingo outra série de atentados.
Além da questão da saída
provisória, o sistema prisional
vive outra onda de tensão porque membros da cúpula da Polícia Civil voltaram a cogitar
que líderes do PCC sejam levados ao presídio federal de Catanduvas (PR). A Folha apurou
que só homens do 2º escalão do
grupo deixariam o Estado.
Delegados que participaram
da reunião afirmam que essa
seria uma "saída política" do
governo paulista para evitar
um desgaste ainda maior por
conta das afrontas promovidas
pelo PCC. Levar a Catanduvas
presos do 2º escalão da facção
seria uma demonstração de
que o governo não cedeu às imposições da quadrilha, que, em
junho, fez ataques para supostamente evitar transferências.
Dessa maneira, a manutenção dos supostos líderes da facção em São Paulo serviria para
evitar o que é chamado dentro
da polícia de "atestado de incompetência na segurança pública" -ou seja, a gestão Cláudio Lembo (PFL) não quer dar
ao governo federal a chance de
dizer que foi "socorrida".
A situação de presídios totalmente destruídos em rebeliões
e nos quais ainda são mantidos
presos (Araraquara, Itirapina e
Mirandópolis) também motivou os ataques de ontem.
De manhã, o secretário da
Segurança, Saulo Castro de
Abreu Filho, disse suspeitar de
que os ataques estivessem relacionados à prisão de um criminoso da Baixada Santista.
O "salve"
A ordem para a terceira onda
de violência atribuída ao PCC
chegou à região metropolitana
no início da madrugada de ontem, quando os diversos ônibus
com parentes dos detentos
apontados pela Polícia Civil e
pelo Ministério Público como
líderes do grupo chegaram à capital, vindos de visita às prisões
do oeste paulista -que tem 35
presídios e 32 mil detentos.
A ordem, segundo agentes da
Penitenciária 2 de Presidente
Venceslau, onde estão 500 homens apontados como integrantes da facção, e promotores públicos e policiais civis da
região de Presidente Prudente,
foi retransmitida por parentes
dos presos -isso evitou que a
polícia a grampeasse.
Dois documentos apócrifos
atribuídos ao PCC obtidos pela
Folha relatam pedidos em nome da população carcerária e
justificativas da cúpula da facção para os ataques de ontem
no Estado. Num deles, elaborado as 17h30 de ontem, o grupo
afirma que "os atentados nada
mais são do que a luta dos presos contra o governo paulista
para fazer valer o cumprimento
da lei de execuções penais".
Gegê
Apontado como um dos três
mais importantes líderes do
PCC, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, deixou ontem, por determinação
do Tribunal de Justiça de São
Paulo, o Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, que funciona em
sistema de Regime Disciplinar
Diferenciado, onde estava desde 13 de maio. À época, o governo alegou que ele era uma
"ameaça às autoridades".
Gegê foi absolvido da acusação por falta de provas.
(AC)
Colaboraram KLEBER TOMAZ e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, da Reportagem Local
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