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Violência doméstica terá punição maior
Nova lei permite que acusados de crime contra a mulher sejam presos em flagrante e acaba com a aplicação de penas como multa
Legislação, que entra em
vigor em 45 dias, amplia
punição para os agressores
de no máximo um ano para
até três anos de prisão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma nova lei com o objetivo
de proteger as mulheres permite agora que acusados de violência doméstica sejam presos
em flagrante, quando da agressão, ou tenham prisão preventiva decretada, em caso de risco
físico ou psicológico às vítimas.
A legislação também acaba com
a aplicação de penas como multa ou doação de cestas básicas.
A lei, sancionada ontem pelo
governo federal, institui mudanças para aperfeiçoar os mecanismos de defesa das mulheres e amplia a pena aos agressores do máximo de um ano para
até três anos de prisão.
Além do aumento da pena, a
lei, que entra em vigor em 45
dias, estabelece critérios que
podem elevar a punição, como
agressão à mulher deficiente.
Também foram alterados mecanismos processuais, que antes inibiam o andamento da denúncia de violência doméstica
e agora devem ajudar para que
o crime seja julgado.
A partir do momento em que
a lei começar a valer, um juiz
poderá determinar prisão preventiva em casos de violência
doméstica, o que não existia, e
também prisão em flagrante.
Serão criados juizados especiais para que as ações penal
(pela violência) e civil (separação e filhos, entre outros) sejam
encaminhadas de uma vez só.
Hoje, após a ação penal, a mulher tem de ir a uma vara cível
para tratar dos outros temas.
A nova lei determina que um
advogado acompanhe a mulher
em todas as fases do processo,
proíbe que ela seja encarregada
de entregar a intimação (o que
era freqüente) ao agressor e diz
que a mulher só pode desistir
da denúncia perante o juiz, não
mais na delegacia.
A lei foi sancionada ontem no
Palácio do Planalto, em Brasília, pelo presidente Lula.
Maria da Penha
A nova lei já é conhecida como Lei Maria da Penha entre os
movimentos de defesa da mulher, em homenagem a Maria
da Penha Maia, 60, vítima de
violência doméstica em 1983.
Ela se tornou líder desses grupos e estava ontem no Planalto.
Aos 38 anos, Maria da Penha
levou um tiro do marido, enquanto dormia. Mãe de três
meninas, ficou quatro meses
internada e hoje está numa cadeira de rodas. Quando voltou
do hospital, enquanto esperava
o processo judicial para que pudesse manter as filhas, ficou 15
dias presa em casa, submetida a
choques no chuveiro.
O ex-marido, professor universitário, ficou apenas dois
anos preso e hoje cumpre pena
em regime aberto.
(PEDRO DIAS LEITE E EDUARDO SCOLESE)
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