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Com nova lei, cliente faz fila para fumar na calçada
No 1º dia da lei antifumo, fumantes invadem calçadas e reclamam de discriminação
Nas primeiras 11 horas de fiscalização, 889 lugares foram visitados em todo o Estado, mas só 11 acabaram multados, 3 deles na capital
Robson Ventura/Folha Imagem
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Homem fuma em frente a pizzaria que foi visitada por fiscais
DA REPORTAGEM LOCAL
No primeiro dia da vigência
da lei antifumo em São Paulo,
fumantes encheram as calçadas, acenderam cigarros escondidos em banheiros e reclamaram muito, mas muito mesmo,
de discriminação.
Em vários bares e boates
houve fila para fumar lá fora, já
que para deixar o cliente sair
exigia-se que a conta fosse paga. Em outros, os maços eram
confiscados na entrada, etiquetados e só devolvidos na saída.
Dentro dos estabelecimentos, o cigarro ficou mesmo de
fora. "O ar está bem mais leve.
Sem falar que não tenho mais o
cheiro de cigarro na roupa. Dá
até vontade de sair mais e ficar
mais tempo na balada", disse a
professora Fernanda Rosado.
Nas primeiras 11 horas de fiscalização, 889 lugares foram visitados por agentes da Vigilância Sanitária e do Procon. Mas
só 11 foram multados -três na
capital, que tem 93 mil endereços passíveis de inspeção.
"Estou "puto" com o Serra",
reclamava na Lôca o designer
André Ramalho. "Você não pode reter o meu cigarro, é uma
droga lícita", dizia o publicitário Paulo Araújo ao segurança
da boate. "É legal lá fora, aqui
dentro tem lei que proíbe você
de fumar", afirmava o gerente.
A Vigilância afirma ter recebido 130 ligações no disque-denúncia da lei antifumo -0800-771-3541- na madrugada. Já a
Polícia Militar diz ter atendido
a chamados para reprimir fumantes insistentes, mas não levou ninguém à delegacia pois,
quando chegou, os "infratores"
já haviam saído do lugar.
Na capital, foram autuados
um bar e uma discoteca na Vila
Olímpia e outro bar no Itaim
(todos na zona oeste).
Segundo a diretora da Vigilância, Maria Cristina Megid,
os estabelecimentos autuados
têm dez dias para recorrer da
multa, de R$ 792,50. "Os empresários já assumiram a proibição e a população também",
disse Megid, ressaltando que
menos de 2% dos locais fiscalizados foram autuados.
Na região da rua Augusta, onde houve muita fila para fumar
na calçada, bares e boates distribuíram pulseiras aos fumantes para que eles não tivessem
de pagar a entrada de novo ou
consumação mínima ao voltar.
O bar Livraria da Esquina,
com show ao vivo na Barra
Funda (zona oeste), adotou um
esquema diferente: fez um cercado, isolado por cordas, para
os fumantes na calçada. Lá, os
clientes podiam dar as suas tragadas sem deixar a cerveja.
Segundo a prefeitura, é uma
situação nova, mas a boate ou
bar que fizer um isolamento
para os fumantes na calçada
pode ser multado em R$ 500
por obstrução de passeio. Se os
fumantes fizerem barulho, o
Psiu pode multar o lugar pela
Lei do Ruído, em R$ 27 mil.
O bar Livraria da Esquina diz
que não isolou toda a calçada e
que tomou a medida por questões de segurança. "Tem poucas opções para lidar com essa
nova situação da lei antifumo",
diz Denise Andriole, a dona.
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