São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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Com nova lei, cliente faz fila para fumar na calçada

No 1º dia da lei antifumo, fumantes invadem calçadas e reclamam de discriminação

Nas primeiras 11 horas de fiscalização, 889 lugares foram visitados em todo o Estado, mas só 11 acabaram multados, 3 deles na capital

Robson Ventura/Folha Imagem
Homem fuma em frente a pizzaria que foi visitada por fiscais

DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro dia da vigência da lei antifumo em São Paulo, fumantes encheram as calçadas, acenderam cigarros escondidos em banheiros e reclamaram muito, mas muito mesmo, de discriminação.
Em vários bares e boates houve fila para fumar lá fora, já que para deixar o cliente sair exigia-se que a conta fosse paga. Em outros, os maços eram confiscados na entrada, etiquetados e só devolvidos na saída.
Dentro dos estabelecimentos, o cigarro ficou mesmo de fora. "O ar está bem mais leve. Sem falar que não tenho mais o cheiro de cigarro na roupa. Dá até vontade de sair mais e ficar mais tempo na balada", disse a professora Fernanda Rosado.
Nas primeiras 11 horas de fiscalização, 889 lugares foram visitados por agentes da Vigilância Sanitária e do Procon. Mas só 11 foram multados -três na capital, que tem 93 mil endereços passíveis de inspeção.
"Estou "puto" com o Serra", reclamava na Lôca o designer André Ramalho. "Você não pode reter o meu cigarro, é uma droga lícita", dizia o publicitário Paulo Araújo ao segurança da boate. "É legal lá fora, aqui dentro tem lei que proíbe você de fumar", afirmava o gerente.
A Vigilância afirma ter recebido 130 ligações no disque-denúncia da lei antifumo -0800-771-3541- na madrugada. Já a Polícia Militar diz ter atendido a chamados para reprimir fumantes insistentes, mas não levou ninguém à delegacia pois, quando chegou, os "infratores" já haviam saído do lugar.
Na capital, foram autuados um bar e uma discoteca na Vila Olímpia e outro bar no Itaim (todos na zona oeste).
Segundo a diretora da Vigilância, Maria Cristina Megid, os estabelecimentos autuados têm dez dias para recorrer da multa, de R$ 792,50. "Os empresários já assumiram a proibição e a população também", disse Megid, ressaltando que menos de 2% dos locais fiscalizados foram autuados.
Na região da rua Augusta, onde houve muita fila para fumar na calçada, bares e boates distribuíram pulseiras aos fumantes para que eles não tivessem de pagar a entrada de novo ou consumação mínima ao voltar.
O bar Livraria da Esquina, com show ao vivo na Barra Funda (zona oeste), adotou um esquema diferente: fez um cercado, isolado por cordas, para os fumantes na calçada. Lá, os clientes podiam dar as suas tragadas sem deixar a cerveja.
Segundo a prefeitura, é uma situação nova, mas a boate ou bar que fizer um isolamento para os fumantes na calçada pode ser multado em R$ 500 por obstrução de passeio. Se os fumantes fizerem barulho, o Psiu pode multar o lugar pela Lei do Ruído, em R$ 27 mil.
O bar Livraria da Esquina diz que não isolou toda a calçada e que tomou a medida por questões de segurança. "Tem poucas opções para lidar com essa nova situação da lei antifumo", diz Denise Andriole, a dona.


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