São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2001

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MORTE DO TENISTA

Dinheiro seria doado a "escolinhas"

Pai de menino assassinado no RS quer ser indenizado pelo Estado

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O pai do tenista Thomás Feltes Engel, 16, Henrique Engel, entrará com um processo de indenização contra o Estado e, caso a ação seja vitoriosa, doará o dinheiro a escolas para formação de atletas.
Engel foi morto no último domingo por um tiro disparado pelo tenente Paulo Sérgio de Souza, 41, durante uma abordagem policial. O tenista, um dos principais no ranking nacional, foi alvejado com uma escopeta calibre 12.
A 1ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo (RS), onde ocorreu o incidente, já decidiu que, no relatório do inquérito, indiciará o tenente por homicídio doloso.
Os dois meninos de 15 anos que acompanhavam Engel quando ele foi morto deixaram o Estado, acompanhados de parentes, para se proteger contra eventuais represálias. No momento da morte, os três voltavam de um bar e se dirigiam ao carro para pegar um celular que haviam esquecido.
Os meninos não teriam recebido ameaças, mas seus pais consideraram melhor afastá-los. Não foi revelado o local onde estão. Na semana que vem, eles deverão ser ouvidos no IPM (Inquérito Policial Militar), que investiga o crime paralelamente à Polícia Civil.
Nas investigações feitas a respeito do policial, a Polícia Civil encontrou pelo menos outro episódio de violência. Em 18 de março de 1998, em um jogo de futebol no município de Campo Bom, o advogado Jorge Dienstmann, 49, disse ter sido agredido por policiais comandados por Souza.
Promovido há dois anos a tenente, Souza, que há 21 anos é policial militar, foi reprovado em exame psicotécnico, mas conseguiu ocupar a vaga por meio de liminar concedida pela Justiça.
O secretário da Justiça e da Segurança, José Paulo Bisol, decidiu que o governo enviará um projeto de lei à Assembléia Legislativa estabelecendo a necessidade de exame em casos de promoção.
Atualmente, a lei prevê tais exames apenas em caso de admissão na Brigada Militar. Para promoções, a previsão é feita em decreto. Nesse caso, os reprovados nos testes têm conseguido liminares. A Justiça entende que a exigência deve ser feita por lei.
No Vale do Sinos, onde o Comando Geral da BM se instalou, todos os policiais farão novos testes psicológicos, diz o comandante-geral, Gérson Nunes Pereira.


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