São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

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Leandro, 22, só queria agradar namorada

Metalúrgico estava a caminho de loja para comprar um celular quando foi atingido durante tiroteio entre policiais e ladrões de banco

Jovem faltou ao trabalho para fazer uma surpresa; inconformada, namorada perguntava ao repórter "por que ele foi hoje"?

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Sentada sob a marquise nos fundos do hospital Carlos Chagas, em Guarulhos, a secretária Diana Cristina Ribeiro Rubens, 23, escondia-se da chuva e questionava à família por que as histórias de amor parecem sempre terminar de forma trágica. "Parece que a gente não pode amar demais uma pessoa, que Deus nos toma", dizia.
Diana aguardava a liberação do corpo do namorado, o metalúrgico Leandro Rodrigues Marques, 22, morto ao ficar entre os tiros trocados entre bandidos e policiais na tarde de ontem na porta de um banco.
O banco, conta ela e a família, fica no trajeto entre sua casa, na Vila Jade, e uma loja de celulares. "Ele nunca faltava ao trabalho. Faltou hoje para comprar um celular para a namorada", contou a mãe, Marinete Rodrigues de Goes, 47.
Para Diana, ela conta, Marques manteve o segredo, tentando surpreendê-la. "A gente comprou o chip da OI e iríamos agora comprar os celulares. Sábado passado fomos na loja, mas não deu certo. O limite do cartão não deu. Ontem, ele me disse: "Nega, sábado a gente vai comprar o celular. Por que ele foi hoje? Por que ele foi hoje?'", questionava ao repórter.
Segundo dona Marinete, Marques já tinha ido uma vez na mesma loja, mas também não havia conseguido comprar os aparelhos. "Ele esteve em casa e pediu o cartão de pai. O juro era mais barato. Estava esperando ele voltar, mas estava demorando, demorando. Aí, chegou só a notícia", afirmou.
Marques era auxiliar de produção e estava na empresa havia cerca de um ano. Estudava para tentar conseguir entrar numa faculdade com a mensalidade subsidiada pelo governo. Queria fazer logística.
Para os amigos, o metalúrgico era o "Banana", apelido de infância que disseram não saber a origem. Era são-paulino, mas não fanático. Já foi nos estádios, mas suas paixões eram duas: sua moto e a namorada Diana, que conheceu numa entrevista de trabalho.
No momento em que foi baleado, Marques carregava na moto um colega, o "Carpa", que a família e a namorada esperavam ontem para ter detalhes da tragédia. A polícia utilizava o jovem, diz a família, para tentar encontrar o assassino.


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