São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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Paraisópolis tem até "imobiliária"

PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Dentro de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo com 840.000 m2 e mais de 37 mil moradores, há um intenso mercado imobiliário informal. Localizada na zona sul, em uma das áreas mais nobres -e desiguais- da cidade, a favela está cheia de placas de "vende-se" ou "aluga-se".
Uma das "imobiliárias" locais é da ex-secretária Helena Santos, 42, que vive em Paraisópolis há 36 anos e descobriu o potencial do "mercado imobiliário" da favela há 18. Clientes assinam compromissos de compra e venda sem validade jurídica, já que a favela está em área particular invadida.
"Temos todo tipo de imóvel e de pessoa morando aqui. O interesse é grande, pois Paraisópolis é bem localizada. As pessoas acabam trabalhando na região, há escolas, transporte e um bom comércio. Além de ser uma favela considerada segura. Aqui, ninguém rouba ninguém", explica Helena.
Como no mercado formal, a localização e a metragem definem o preço do imóvel. O aluguel de casas de 30 m2 a 90 m2, em becos e vielas, varia de R$ 150 a R$ 300. Imóvel em rua asfaltada custa de R$ 300 a R$ 400 por mês. Na cotação da "corretora", para compra, uma casa em Paraisópolis pode custar de R$ 5.500 a R$ 80 mil, caso de uma casa com três suítes, duas salas, varanda e garagem.
Imobiliárias ouvidas pela Folha dizem que com os mesmos R$ 80 mil pode-se comprar um apartamento de até dois quartos na região central. Com os R$ 400 mensais, é possível alugar uma quitinete ou um apartamento de um quarto na mesma região.
Por mês, Helena chega a vender três imóveis dentro da favela. De cinco a oito pessoas, segundo ela, procuram a "imobiliária" diariamente para alugar casas.
Sobre a regularização fundiária proposta pelo governo, Helena diz que "já ouviu falar do assunto" e que "a proposta é boa".
Ouvida pela Folha, a subprefeitura de Campo Limpo, uma das responsáveis pela área, informou que mandaria um fiscal ao local, mas que nunca recebeu denúncias de comércio irregular de imóveis na favela. A Secretaria Municipal de Habitação disse que o projeto de urbanização para Paraisópolis está em licitação e que as obras devem começar em 2004.


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