São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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No Rio, professor é acusado de decepar dedo de aluna

Segundo a Secretaria Municipal da Educação, o docente era "voluntário" na escola

Aliomar Baleeiro Filho, que foi indiciado sob a acusação de lesão corporal grave, não foi encontrado ontem para comentar a acusação

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Uma estudante da terceira série da escola municipal Roma, em Copacabana, zona sul do Rio, acusa um professor de ter decepado a ponta do dedo médio de sua mão esquerda em uma aula de reforço.
De acordo com a estudante de dez anos, o professor voluntário Aliomar Baleeiro Filho empurrou propositalmente a porta da sala de aula quando a menina tentava deixar o local para ir ao banheiro.
"Pedi para ir ao banheiro e ele falou que não. (...) Fui abrir a porta e ele veio com a mão esticada para fechar. Só que a minha mão [a direita] ficou presa. Falei: "Minha mão", e puxei a porta com a outra, que acabou ficando presa também. Aí ele ficou batendo com as costas [na porta] e na última vez foi tão forte que arrancou um pedaço do meu dedo", conta a menina.
Segundo ela, o professor ainda debochou. "Ele disse: "Viu como saiu rapidinho?'", diz a estudante. O caso ocorreu no dia 22 de agosto de 2008.
A garota passou os dois dias seguintes internada no hospital Miguel Couto. Voltou a frequentar as aulas após um mês.
O professor já havia sido dispensado. Apesar disso, o retorno não foi tranquilo. "Fico com vergonha. (...) Na escola, só mostrei o dedo uma vez, para minha professora. Fico sempre com a mão fechada", diz ela.
O caso foi registrado inicialmente como lesão corporal culposa (sem intenção) e encaminhado ao 4º Jecrim (Juizado Especial Criminal).
Porém, com a chegada do exame de corpo de delito, indicando a perda da falange, o juiz responsável determinou a abertura de inquérito policial. O caso agora está na 12ª DP (Copacabana), que já indiciou o professor sob acusação de lesão corporal grave (pena de um a cinco anos de prisão).

Outro lado
Procurada, a direção da escola municipal Roma não quis se manifestar. Em nota, a Secretaria Municipal da Educação informou que o professor não pertence aos quadros da rede municipal.
"Ele é voluntário do programa Amigos da Escola [projeto criado pela Rede Globo] e está afastado desde agosto. (...) À época, a diretora da escola tomou as providências cabíveis, chamou a ambulância do Corpo de Bombeiros e acompanhou o atendimento hospitalar à aluna", diz o texto.
A secretaria disse também que lamenta "profundamente" o ocorrido, mas que, "como o professor é voluntário, não é possível abrir sindicância". A nota afirma ainda que o órgão "vai empenhar todos os esforços para acompanhar as investigações no âmbito policial" e que "acredita que esse caso trágico foi um fato isolado". Segundo a secretaria, o convênio com o Amigos da Escola alcança 177 escolas da rede.
A Central Globo de Comunicação, porém, afirmou que "não existe a categoria "voluntário do Amigos da Escola'". Segundo nota divulgada ontem, "o programa estimula o voluntariado, cuja captação e gestão são de responsabilidade das mais de 6.000 escolas que participam".
A Folha tentou falar com Baleeiro Filho, mas ele não respondeu aos recados deixados em sua secretária eletrônica. A reportagem não descobriu se ele já tem advogado.


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