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No Rio, professor é acusado de decepar dedo de aluna
Segundo a Secretaria Municipal da Educação, o docente era "voluntário" na escola
Aliomar Baleeiro Filho, que foi indiciado sob a acusação de lesão corporal grave, não foi encontrado ontem para comentar a acusação
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Uma estudante da terceira
série da escola municipal Roma, em Copacabana, zona sul
do Rio, acusa um professor de
ter decepado a ponta do dedo
médio de sua mão esquerda em
uma aula de reforço.
De acordo com a estudante
de dez anos, o professor voluntário Aliomar Baleeiro Filho
empurrou propositalmente a
porta da sala de aula quando a
menina tentava deixar o local
para ir ao banheiro.
"Pedi para ir ao banheiro e
ele falou que não. (...) Fui abrir a
porta e ele veio com a mão esticada para fechar. Só que a minha mão [a direita] ficou presa.
Falei: "Minha mão", e puxei a
porta com a outra, que acabou
ficando presa também. Aí ele ficou batendo com as costas [na
porta] e na última vez foi tão
forte que arrancou um pedaço
do meu dedo", conta a menina.
Segundo ela, o professor ainda debochou. "Ele disse: "Viu
como saiu rapidinho?'", diz a
estudante. O caso ocorreu no
dia 22 de agosto de 2008.
A garota passou os dois dias
seguintes internada no hospital
Miguel Couto. Voltou a frequentar as aulas após um mês.
O professor já havia sido dispensado. Apesar disso, o retorno não foi tranquilo. "Fico com
vergonha. (...) Na escola, só
mostrei o dedo uma vez, para
minha professora. Fico sempre
com a mão fechada", diz ela.
O caso foi registrado inicialmente como lesão corporal culposa (sem intenção) e encaminhado ao 4º Jecrim (Juizado
Especial Criminal).
Porém, com a chegada do
exame de corpo de delito, indicando a perda da falange, o juiz
responsável determinou a
abertura de inquérito policial.
O caso agora está na 12ª DP
(Copacabana), que já indiciou o
professor sob acusação de lesão
corporal grave (pena de um a
cinco anos de prisão).
Outro lado
Procurada, a direção da escola municipal Roma não quis se
manifestar. Em nota, a Secretaria Municipal da Educação informou que o professor não
pertence aos quadros da rede
municipal.
"Ele é voluntário do programa Amigos da Escola [projeto
criado pela Rede Globo] e está
afastado desde agosto. (...) À
época, a diretora da escola tomou as providências cabíveis,
chamou a ambulância do Corpo de Bombeiros e acompanhou o atendimento hospitalar
à aluna", diz o texto.
A secretaria disse também
que lamenta "profundamente"
o ocorrido, mas que, "como o
professor é voluntário, não é
possível abrir sindicância". A
nota afirma ainda que o órgão
"vai empenhar todos os esforços para acompanhar as investigações no âmbito policial" e
que "acredita que esse caso trágico foi um fato isolado". Segundo a secretaria, o convênio
com o Amigos da Escola alcança 177 escolas da rede.
A Central Globo de Comunicação, porém, afirmou que
"não existe a categoria "voluntário do Amigos da Escola'". Segundo nota divulgada ontem,
"o programa estimula o voluntariado, cuja captação e gestão
são de responsabilidade das
mais de 6.000 escolas que participam".
A Folha tentou falar com Baleeiro Filho, mas ele não respondeu aos recados deixados
em sua secretária eletrônica. A
reportagem não descobriu se
ele já tem advogado.
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