DA SUCURSAL DO RIO

Mal se adequou à reserva de vagas para alunos da rede pública, negros e pardos, a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) pode ser obrigada a se adaptar a uma nova cota: 10% para deficientes físicos. A iniciativa de determinar essa nova reserva de vagas foi da governadora do Rio, Rosinha Matheus (PSB). A lei de cotas para deficientes físicos, no entanto, ainda depende de regulamentação para entrar em vigor. A reitora da Uerj, Nilcéa Freire, afirma ser contrária ao estabelecimento de mais uma cota.
"Queremos primeiro fazer um grande debate sobre os resultados do primeiro vestibular com reserva de vagas. A universidade se ressente do fato de não ser chamada para discutir essas mudanças. Nós temos muito a contribuir nesse debate".
"O princípio dessa nova lei é o mesmo das anteriores. É preciso tratar de forma desigual os desiguais. A lei já existe, falta apenas a regulamentação. Vamos discutir como aplicá-la com a Uerj e com a sociedade", afirma Fernando Peregrino, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado.

Regras
A inclusão de mais um critério de ação afirmativa deixaria o sistema de ingresso no vestibular ainda mais confuso. Hoje, há uma reserva de vagas para 50% dos estudantes da rede pública e de 40% para negros.
Isso não significa uma reserva automática de 90% das vagas para o sistema de cotas, pois muitos estudantes preenchem os dois requisitos _são negros e de escolas públicas.
Os 90% só seriam preenchidos pelo sistema de cotas se nenhum dos aprovados oriundos de escolas públicas fosse negro _o que é improvável. Pela estimativa da Uerj, feita após as inscrições para seu vestibular, cerca de metade das vagas será ocupada por estudantes selecionados exclusivamente pelo critério acadêmico.
Além da Uerj, a lei das cotas vale também para a Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense), em Campos (278 km do Rio). Os resultados da primeira lista de classificação foram divulgados ontem.



Texto Anterior: Vestibular: Estudantes negros temem discriminação
Próximo Texto: Danuza Leão: Fome zero com dez filhos?
Índice