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ENTREVISTA
Rede ensinará a diagnosticar câncer
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sociedade Brasileira de Cancerologia vai educar médicos não
especializados de hospitais públicos para que façam diagnósticos
precoces da doença.
As aulas ocorrerão por meio de
programas transmitidos via satélite para a TV da internet. Na próxima terça-feira, a entidade lança
a Rede Brasileira de Combate ao
Câncer. "Queremos levantar o
Brasil no combate ao câncer", disse Nise Yamaguchi, 42, diretora
científica da sociedade e uma das
coordenadoras do projeto.
A rede, bancada pela sociedade
e parceiros da iniciativa privada,
vai integrar hospitais de referência na área de câncer para projetos
de educação e troca de informações, como discussões de casos.
O projeto, inspirado em iniciativa do Hospital Sírio Libanês, unidade privada de São Paulo, irá
abranger inicialmente 32 dos 77
centros públicos nacionais de
combate à doença. A rede apresentará programas de atualização
científica para profissionais e estudantes de medicina. Também
deverá, no futuro, colocar à disposição informações a leigos,
principalmente sobre prevenção.
O câncer é a segunda causa de
morte por doenças no país. Perde
apenas para os problemas do aparelho circulatório.
Folha - Como funcionará a rede?
Nise Yamaguchi - Via satélite.
Para haver recepção, a unidade
deve ter um instrumento de captação, uma antena, aliada a computador de última geração. Por
meio da antena, passamos programas em salas de teleconferência. As antenas existiam em número insuficiente em hospitais
públicos de câncer. O que fizemos
foi expandir para hospitais públicos que têm residência, alguns
privados, associações regionais e
conselhos de medicina.
Folha - Por que educar não-especialistas?
Yamaguchi - Conversamos com
o Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde, com o
conselho de secretários estaduais,
com o Ministério da Saúde. A
idéia é educar profissionais como
ginecologistas, clínicos e geriatras
para que eles possam fazer um
diagnóstico precoce. Em 60% dos
casos, quando a doença é detectada, já está em estado avançado.
Queremos interferir nisso.
Folha - Como a rede foi viabilizada?
Yamaguchi - O ministério está
apoiando todo o projeto. Há um
custo alto [R$ 1,6 milhão" que estamos viabilizando por meio da
solidariedade médica [investimento da sociedade" e empresarial. Isso faz parte de um macroprojeto. Queremos levantar o
Brasil no combate ao câncer. Já temos oito parceiros e antenas em
hospitais do câncer de Manaus,
Belém, Piauí, Goiânia. Buscamos
áreas com menos acesso a conhecimento. Queremos democratizar
o conhecimento. Quantos médicos que recebem pelo sistema público têm condições de viajar ao
exterior para atualização?
Folha - Qual será a abordagem
dos programas para leigos?
Yamaguchi - Existe uma série de
estigmas com relação à doença:
muitos acham que se mexer [no
tumor" ele se espalha. Existem diversos alimentos nocivos, como
churrasco. Aquela capa negra da
carne tem uma série de substâncias tóxicas que causam câncer de
esôfago. As pessoas não sabem,
por exemplo, que o cigarro causa
não só câncer de pulmão, mas
também de bexiga. Trabalharemos para levar a informação aos
jovens via rede. Estamos buscando contato com escolas e bibliotecas. O processo exige capacidade
de criar uma nova consciência.
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