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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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ENTREVISTA

Rede ensinará a diagnosticar câncer

DA REPORTAGEM LOCAL

A Sociedade Brasileira de Cancerologia vai educar médicos não especializados de hospitais públicos para que façam diagnósticos precoces da doença.
As aulas ocorrerão por meio de programas transmitidos via satélite para a TV da internet. Na próxima terça-feira, a entidade lança a Rede Brasileira de Combate ao Câncer. "Queremos levantar o Brasil no combate ao câncer", disse Nise Yamaguchi, 42, diretora científica da sociedade e uma das coordenadoras do projeto.
A rede, bancada pela sociedade e parceiros da iniciativa privada, vai integrar hospitais de referência na área de câncer para projetos de educação e troca de informações, como discussões de casos.
O projeto, inspirado em iniciativa do Hospital Sírio Libanês, unidade privada de São Paulo, irá abranger inicialmente 32 dos 77 centros públicos nacionais de combate à doença. A rede apresentará programas de atualização científica para profissionais e estudantes de medicina. Também deverá, no futuro, colocar à disposição informações a leigos, principalmente sobre prevenção. O câncer é a segunda causa de morte por doenças no país. Perde apenas para os problemas do aparelho circulatório.

Folha - Como funcionará a rede?
Nise Yamaguchi
- Via satélite. Para haver recepção, a unidade deve ter um instrumento de captação, uma antena, aliada a computador de última geração. Por meio da antena, passamos programas em salas de teleconferência. As antenas existiam em número insuficiente em hospitais públicos de câncer. O que fizemos foi expandir para hospitais públicos que têm residência, alguns privados, associações regionais e conselhos de medicina.

Folha - Por que educar não-especialistas?
Yamaguchi
- Conversamos com o Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde, com o conselho de secretários estaduais, com o Ministério da Saúde. A idéia é educar profissionais como ginecologistas, clínicos e geriatras para que eles possam fazer um diagnóstico precoce. Em 60% dos casos, quando a doença é detectada, já está em estado avançado. Queremos interferir nisso.

Folha - Como a rede foi viabilizada?
Yamaguchi
- O ministério está apoiando todo o projeto. Há um custo alto [R$ 1,6 milhão" que estamos viabilizando por meio da solidariedade médica [investimento da sociedade" e empresarial. Isso faz parte de um macroprojeto. Queremos levantar o Brasil no combate ao câncer. Já temos oito parceiros e antenas em hospitais do câncer de Manaus, Belém, Piauí, Goiânia. Buscamos áreas com menos acesso a conhecimento. Queremos democratizar o conhecimento. Quantos médicos que recebem pelo sistema público têm condições de viajar ao exterior para atualização?

Folha - Qual será a abordagem dos programas para leigos?
Yamaguchi
- Existe uma série de estigmas com relação à doença: muitos acham que se mexer [no tumor" ele se espalha. Existem diversos alimentos nocivos, como churrasco. Aquela capa negra da carne tem uma série de substâncias tóxicas que causam câncer de esôfago. As pessoas não sabem, por exemplo, que o cigarro causa não só câncer de pulmão, mas também de bexiga. Trabalharemos para levar a informação aos jovens via rede. Estamos buscando contato com escolas e bibliotecas. O processo exige capacidade de criar uma nova consciência.


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