São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2007

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Estratégia esconde culpado, afirma advogado

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o advogado Maurício Alexandrino Souza, que defende um segurado em uma ação contra a Real Seguros e o Iapa em Salvador (BA), as supostas medidas de segurança adotadas pelas duas instituições são uma estratégia para esconder os responsáveis por falsas perícias.
Souza entrou com uma ação em favor do motorista Carlos Alberto Batista, 49. Seu carro, um Monza 85, que tinha um kit gás, pegou fogo em 2002. Com laudo do Iapa, a Real afirmou que Batista incendiou seu veículo para receber o seguro.
O Iapa é um dos processados. O problema começou, segundo o advogado, na citação judicial do instituto.
"O laudo não tinha endereço, não tinha nada", afirmou. Souza diz que começou, então, uma busca pela localização do instituto.
"Não tinha como conseguir esse endereço em São Paulo. A própria seguradora se negava a dar essa informação. Buscamos na lista telefônica, Junta Comercial de Salvador, Receita Federal, e nada", afirma o advogado.
Souza diz que, pelo site do Iapa informado no laudo, foi enviado um e-mail pedindo informações.
"Na resposta, perguntaram qual era o motivo e depois disseram que qualquer tipo de informação só seria fornecida pela Real Seguros", afirma o advogado.
Souza diz que só depois dessa pressão a Real apresentou na Justiça o contrato social da empresa cujo Iapa está vinculado, mas que não aparece identificada nas perícias. O Iapa é apenas uma marca, registrada no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
O motorista afirma que funcionários da Real o intimidaram, por telefone, afirmando que o acidente era criminoso e que ele poderia ser preso. A Real não representou contra ele.
Com a perda do carro, o motorista diz que não conseguiu pagar suas dívidas e seu nome foi incluído no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). "Eu usava meu Monza para fazer translado do aeroporto, transportava turistas. Era o meu ganha-pão. Fiquei quebrado. Até hoje eu estou no vermelho", disse Batista.
De acordo com o gerente jurídico da seguradora, Carlos Barbosa, o laudo identificou elementos químicos usados para incendiar o carro. "O cara tacou fogo do carro. Eu vou sujar o nome da Real por causa de um Monza 85?", questiona. (GP)


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