São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2007

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Prefeito do interior de SP pinta bens públicos com a cor de suas empresas

Tuca Vieira/Folha Imagem
Caminhões pintados na cor amarela no pátio de uma das empresas de Sebastião Biazzo


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM AGUAÍ (SP)

Desde que tomou posse pela quinta vez para governar Aguaí (206 km de SP), o prefeito Sebastião Biazzo (PMDB), 84, iniciou um projeto de pintar alguns imóveis e bens públicos de amarelo. Não fosse pelo fato de essa ser a cor usada em suas empresas e campanhas eleitorais, o Ministério Público não teria pedido que ele repintasse tudo com o próprio dinheiro.
Biazzo tomou posse em 2005 e desde então mandou pintar de amarelo a fachada do cemitério municipal e do estádio de futebol, além de algumas escolas municipais.
Os alunos das escolas municipais tiveram que usar camisetas amarelas e calções azuis. Parte da frota de veículos da prefeitura também foi pintada de amarelo. A Justiça deve decidir nos próximos dias sobre a ação da Promotoria.
O cemitério também ganhou uma estátua do prefeito com uma lista das obras de seus mandatos.
A Folha localizou o prefeito, mas ele disse que não dá entrevistas.
Na ação civil pública movida contra ele pelo Ministério Público há cerca de 20 dias, Biazzo se justificou com a alegação de que, quando assumiu em janeiro de 2005, a administração "possuía no almoxarifado municipal uma grande quantidade de tintas nas cores amarela e preta".
Alegou ainda que o inquérito civil "tem cunho meramente político". Disse que alterou a cor dos uniformes da rede pública para servir "como diferencial das outras escolas".
Mas, para o Ministério Público e vereadores de oposição, o fato de o prefeito adotar a cor de suas empresas e de sua campanha eleitoral configura improbidade administrativa por ferir os princípios de imoralidade e impessoalidade previstos na Constituição.
"É certo que feriram a moralidade administrativa em razão do uso de cores que, indiscutivelmente, marcaram e marcam a vida empresarial e política de Sebastião Biazzo", diz um trecho da ação civil.
Na ação, o promotor Guilherme Gottardello pede liminarmente que a Justiça mande o prefeito pagar com dinheiro próprio a repintura dos imóveis e veículos e providenciar a troca dos uniformes para outra cores, sob pena de multa diária de R$ 5.000.
"Biazzo não só agiu de forma imoral como também pessoal, procurando deixar claro a todos que ele é o chefe do Poder Executivo", diz outro trecho da ação civil pública.
Para escapar da ação, o prefeito conseguiu fazer com que vereadores que o apóiam aprovassem, na segunda-feira, uma lei de autoria do sobrinho dele e presidente da Câmara, Pedro Biazzo Filho (PMDB), na qual o Executivo fica obrigado a usar as cores amarela, preta, cinza e branca em bens públicos móveis e imóveis.
A lei foi sancionada pelo prefeito no dia seguinte. As cores da bandeira da cidade são verde, vermelho e branco. "Não querem deixar o homem trabalhar. A aprovação da lei não tem ligação com a ação do Ministério Público. A lei prevê que móveis e imóveis só serão pintados com as novas cores se forem trocados", disse o presidente da Câmara.
Segundo ele, as novas cores aprovadas na lei estão presentes no brasão da cidade.


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