São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

6 crianças ingerem veneno e são salvas pela professora

Alunos da segunda série em Ribeirão Preto confundiram agrotóxico usado ilegalmente como raticida com balas

Segundo relato da mãe de uma das crianças, as bolinhas de "chumbinho" foram colocadas por ela por engano na mochila da filha

GUILHERME CAMPOS
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Seis crianças da segunda série de uma escola municipal de Ribeirão Preto (a 314 km de SP) ingeriram anteontem, por engano, bolinhas de "chumbinho", agrotóxico usado ilegalmente como raticida que pode provocar a morte -os alunos pensaram que eram balas.
As crianças passaram mal, foram socorridas pela professora e tiveram que ser levadas à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas. Até o início da noite de ontem, uma menina permanecia em observação. Ela não corre risco de morte.
O socorro só foi possível porque a professora percebeu que os alunos passavam mal e chamou uma ambulância.
O incidente ocorreu pouco antes do início da aula na Escola Municipal Eponina Lopes de Brito. Segundo relato da mãe da menina que levou o produto à escola, o chumbinho estava na caixa de ferramentas do marido. Ele deixou o produto e outras ferramentas sobre a mesa.
A mãe disse ter confundido o recipiente com pote de glitter -brilho usado para trabalhos escolares- e o colocou na mochila da filha. Na escola, a criança viu as bolinhas, pensou que eram balas, ingeriu e deu aos amigos que pediram.
"Eles sentiram um gosto estranho e cuspiram, mas acabaram engolindo um pouco. Cada uma deve ter engolido três ou quatro bolinhas", contou a mãe, relatando conversa que teve com a filha.
A ação rápida da professora Eulélia Cristina Fontes Barbosa, 38, evitou mais danos às crianças. "Elas estavam muito quietinhas. Perguntei e uma me disse que estava com dor de estômago e falou: "Ah, eu chupei uma balinha"." As outras crianças confirmaram e mostraram o vidro à professora.
"Senti o cheiro, vi a cor e percebi logo [que era veneno]. Uma cozinheira até achou que fosse pólvora." Eulélia levou os alunos ao banheiro para induzir o vômito. A ambulância chegou em dez minutos e levou as crianças para a UBDS do Castelo Branco. De lá, foram transferidas para o HC, onde foi feita lavagem estomacal e aplicado medicamento para minimizar o efeito do veneno.

Rapidez
A professora atribui a Deus ter conseguido detectar rápido o problema. "Era para eu vir à escola duas horas depois, mas cheguei antes e fiquei na sala, Foi aí que aconteceu."
Segundo o diretor de Departamento de Atenção à Saúde das Pessoas da Secretaria da Saúde, Victor Manoel Lacorte e Silva, se não fosse pelo atendimento da professora, as crianças poderiam ter morrido.
A diretora da escola, Maria Aparecida Canhas da Silva, informou que fez boletim de ocorrência apenas para formalizar o fato, mas disse acreditar que se trate de uma fatalidade. A polícia disse que vai investigar o fato, mas a princípio não vê negligência da mãe.
Altamente tóxico, o veneno é letal mesmo em pequenas doses. Uma criança de 10 kg, por exemplo, pode morrer ao ingerir 10 mg do veneno.


Texto Anterior: Prefeito do interior de SP pinta bens públicos com a cor de suas empresas
Próximo Texto: Universitária é acusada de chefiar quadrilha de roubos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.