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6 crianças ingerem veneno e são salvas pela professora
Alunos da segunda série em Ribeirão Preto confundiram agrotóxico usado ilegalmente como raticida com balas
Segundo relato da mãe de uma das crianças, as bolinhas de "chumbinho" foram colocadas por ela por engano na mochila da filha
GUILHERME CAMPOS
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Seis crianças da segunda série de uma escola municipal de
Ribeirão Preto (a 314 km de SP)
ingeriram anteontem, por engano, bolinhas de "chumbinho", agrotóxico usado ilegalmente como raticida que pode
provocar a morte -os alunos
pensaram que eram balas.
As crianças passaram mal, foram socorridas pela professora
e tiveram que ser levadas à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas. Até o início da
noite de ontem, uma menina
permanecia em observação.
Ela não corre risco de morte.
O socorro só foi possível porque a professora percebeu que
os alunos passavam mal e chamou uma ambulância.
O incidente ocorreu pouco
antes do início da aula na Escola Municipal Eponina Lopes de
Brito. Segundo relato da mãe da
menina que levou o produto à
escola, o chumbinho estava na
caixa de ferramentas do marido. Ele deixou o produto e outras ferramentas sobre a mesa.
A mãe disse ter confundido o
recipiente com pote de glitter
-brilho usado para trabalhos
escolares- e o colocou na mochila da filha. Na escola, a criança viu as bolinhas, pensou que
eram balas, ingeriu e deu aos
amigos que pediram.
"Eles sentiram um gosto estranho e cuspiram, mas acabaram engolindo um pouco. Cada
uma deve ter engolido três ou
quatro bolinhas", contou a
mãe, relatando conversa que
teve com a filha.
A ação rápida da professora
Eulélia Cristina Fontes Barbosa, 38, evitou mais danos às
crianças. "Elas estavam muito
quietinhas. Perguntei e uma
me disse que estava com dor de
estômago e falou: "Ah, eu chupei uma balinha"." As outras
crianças confirmaram e mostraram o vidro à professora.
"Senti o cheiro, vi a cor e percebi logo [que era veneno].
Uma cozinheira até achou que
fosse pólvora." Eulélia levou os
alunos ao banheiro para induzir o vômito. A ambulância chegou em dez minutos e levou as
crianças para a UBDS do Castelo Branco. De lá, foram transferidas para o HC, onde foi feita
lavagem estomacal e aplicado
medicamento para minimizar
o efeito do veneno.
Rapidez
A professora atribui a Deus
ter conseguido detectar rápido
o problema. "Era para eu vir à
escola duas horas depois, mas
cheguei antes e fiquei na sala,
Foi aí que aconteceu."
Segundo o diretor de Departamento de Atenção à Saúde
das Pessoas da Secretaria da
Saúde, Victor Manoel Lacorte e
Silva, se não fosse pelo atendimento da professora, as crianças poderiam ter morrido.
A diretora da escola, Maria
Aparecida Canhas da Silva, informou que fez boletim de
ocorrência apenas para formalizar o fato, mas disse acreditar
que se trate de uma fatalidade.
A polícia disse que vai investigar o fato, mas a princípio não
vê negligência da mãe.
Altamente tóxico, o veneno é
letal mesmo em pequenas doses. Uma criança de 10 kg, por
exemplo, pode morrer ao ingerir 10 mg do veneno.
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