São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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Professora tirou 1 feto para poder salvar os outros 2

DA REPORTAGEM LOCAL

Decisões difíceis sempre permearam a vida da professora universitária Rosimary Longo, 52. Mas nenhuma custou tanto quanto a de, há três anos, grávida de trigêmeos, decidir por tirar a vida de um filho para que os outros dois tivessem chances de sobreviver.
Rosimary demorou para ser tocada pelo desejo da maternidade. Até os 44 anos, ela conta ter investido os seus dias em estudos -fez mestrado e doutorado, o último na Inglaterra-, na profissão e em viagens.
A partir daí, a vida deu uma guinada. Pediu demissão da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e resolveu abrir uma consultoria na área de transferência de tecnologia.
As mudanças também chegaram na vida pessoal. No dia 12 de julho de 1997 ("jamais poderia esquecer essa data"), ela diz ter conhecido pela internet o homem que, um ano depois, viria a ser seu marido. "Encostei um caminhão na porta da minha casa em Brasília e me mudei para São Paulo."
Daí para desejar um filho foi um passo. Mas Rosimary sabia das dificuldades. Aos 48 anos, teve de recorrer à reprodução assistida. Durante um ano, fez três ciclos de tratamento na clínica Huntington (SP) até conseguir a gravidez. "Tenho dívidas até hoje", relata, sem mencionar valores.
No dia 4 de setembro de 2001, teve a confirmação da gravidez. "Me sentia nas nuvens", lembra. Dias depois, o estado etéreo foi triplicado quando foi informada de que esperava trigêmeos.
Mas o médico que a acompanhava foi categórico: era preciso fazer uma redução embrionária porque, em razão da idade e de possuir um mioma uterino, tinha muitas chances de perder todos os bebês. A redução, ilegal no país, consiste em aspirar um dos embriões.
"Fiquei desesperada, chorei dias seguidos, mas não tive escolha", diz a professora, mãe de Bruno e Lucas, 2. Ainda assim, os bebês nasceram prematuros, com 30 semanas de gestação, e permaneceram um mês na UTI neonatal para ganhar peso.


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