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entrevista
"Vírus não é mais grave que o de gripe comum"
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dias depois de o Brasil
ter confirmado casos de gripe suína, Caio Rosenthal, infectologista do hospital Emílio Ribas diz que não há razão
para pânico. "O quadro clínico provocado por esse vírus é
um quadro nem mais nem
menos severo do que qualquer outra gripe."
FOLHA - Por que a gripe suína
causou tanto pânico no mundo?
CAIO ROSENTHAL - É um vírus
novo que "pegou" e como todo agente novo ele causa um
certo pânico por causa do
desconhecimento do que
ocorrer. Como é um vírus
que ninguém tem imunidade, então pode atingir uma
boa parte da população mundial. O quadro clínico provocado por esse vírus é um quadro nem mais nem menos severo do que qualquer outra
gripe que acomete a população nos meses mais frios.
FOLHA - O total de casos confirmados até hoje no mundo é o esperado? Poderia ser muito maior?
ROSENTHAL - A gente não pode fazer uma dedução. Mas
tudo indica que uma grande
porcentagem da população
ainda será atingida. E isso está ocorrendo com uma certa
velocidade porque o vírus
surgiu faz menos de 20 dias e
já temos vários continentes
com casos. Então, tudo indica que o poder de transmissão do A (H1N1) é muito alto.
FOLHA - É possível saber o grau
de morbidade do vírus?
ROSENTHAL - Não. O que sabemos é que o vírus tem características que nos possibilitam prever que ele não terá
uma severidade tão grande
quanto o da gripe aviária.
FOLHA - A pessoa que contraiu o
vírus e se curou fica imunizada?
ROSENTHAL - Teoricamente,
sim. O problema é que o vírus é muito mutante.
FOLHA - A Anvisa autorizou a fabricação da vacina contra o vírus
no Brasil. Ela será instrumento
fundamental para evitar a gripe?
ROSENTHAL - Sim, mas não a
curto prazo. A vacina requer
um tempo muito grande de
produção, pois é feita através
de ovos embrionários de galinha. Para cada dose, é necessário um ovo. Para o país
produzir milhares de doses é
preciso ter uma tecnologia
muito grande.
FOLHA - É preciso usar máscaras
na rua?
ROSENTHAL - Não, isso é fanfarronice. Totalmente desnecessário, o vírus não está
circulando. Tanto os casos
suspeitos como os casos que
estão com a doença estão
sendo isolados. Além disso,
depois de duas horas a máscara não protege mais.
FOLHA - O que as pessoas devem fazer para se proteger?
ROSENTHAL - Ela precisa procurar um posto médico
quando tiver sintomas e sinais compatíveis com uma
gripe e, principalmente, se tiver os dados epidemiológicos
que fecham a definição de casos suspeitos (pessoas que tiveram em países com foco da
doença e que apresentam os
sintomas). E lavar as mãos
com frequência, pois 25%
dos pacientes diagnosticados
até agora apresentaram quadros de vômito, diarreia e
náusea -o que difere um
pouco da gripe sazonal e nos
faz pensar que pode haver
transmissão oral-fecal.
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