São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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entrevista

"Vírus não é mais grave que o de gripe comum"

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois dias depois de o Brasil ter confirmado casos de gripe suína, Caio Rosenthal, infectologista do hospital Emílio Ribas diz que não há razão para pânico. "O quadro clínico provocado por esse vírus é um quadro nem mais nem menos severo do que qualquer outra gripe."

 

FOLHA - Por que a gripe suína causou tanto pânico no mundo?
CAIO ROSENTHAL
- É um vírus novo que "pegou" e como todo agente novo ele causa um certo pânico por causa do desconhecimento do que ocorrer. Como é um vírus que ninguém tem imunidade, então pode atingir uma boa parte da população mundial. O quadro clínico provocado por esse vírus é um quadro nem mais nem menos severo do que qualquer outra gripe que acomete a população nos meses mais frios.

FOLHA - O total de casos confirmados até hoje no mundo é o esperado? Poderia ser muito maior?
ROSENTHAL
- A gente não pode fazer uma dedução. Mas tudo indica que uma grande porcentagem da população ainda será atingida. E isso está ocorrendo com uma certa velocidade porque o vírus surgiu faz menos de 20 dias e já temos vários continentes com casos. Então, tudo indica que o poder de transmissão do A (H1N1) é muito alto.

FOLHA - É possível saber o grau de morbidade do vírus?
ROSENTHAL
- Não. O que sabemos é que o vírus tem características que nos possibilitam prever que ele não terá uma severidade tão grande quanto o da gripe aviária.

FOLHA - A pessoa que contraiu o vírus e se curou fica imunizada?
ROSENTHAL
- Teoricamente, sim. O problema é que o vírus é muito mutante.

FOLHA - A Anvisa autorizou a fabricação da vacina contra o vírus no Brasil. Ela será instrumento fundamental para evitar a gripe?
ROSENTHAL
- Sim, mas não a curto prazo. A vacina requer um tempo muito grande de produção, pois é feita através de ovos embrionários de galinha. Para cada dose, é necessário um ovo. Para o país produzir milhares de doses é preciso ter uma tecnologia muito grande.

FOLHA - É preciso usar máscaras na rua?
ROSENTHAL
- Não, isso é fanfarronice. Totalmente desnecessário, o vírus não está circulando. Tanto os casos suspeitos como os casos que estão com a doença estão sendo isolados. Além disso, depois de duas horas a máscara não protege mais.

FOLHA - O que as pessoas devem fazer para se proteger?
ROSENTHAL
- Ela precisa procurar um posto médico quando tiver sintomas e sinais compatíveis com uma gripe e, principalmente, se tiver os dados epidemiológicos que fecham a definição de casos suspeitos (pessoas que tiveram em países com foco da doença e que apresentam os sintomas). E lavar as mãos com frequência, pois 25% dos pacientes diagnosticados até agora apresentaram quadros de vômito, diarreia e náusea -o que difere um pouco da gripe sazonal e nos faz pensar que pode haver transmissão oral-fecal.


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