São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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EUA examinam brasileiro que pede visto

Desde 3ª, quem vai à embaixada americana é submetido a "inspeção"; medida também vale para cidadãos americanos

Candidato com sintomas de gripe é orientado a esperar; argumento usado por órgão é o de proteger saúde de funcionários e visitantes


LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil anunciou que já restringe o atendimento a pessoas que apresentem sintomas de gripe, tanto brasileiros quanto cidadãos americanos.
Quem for à embaixada ou aos consulados para pedir visto ou outros serviços terá de passar por uma "inspeção". Se for verificado que apresenta sintomas de gripe, será pedido adiamento de "suas solicitações até que sua condição de saúde melhore", segundo a embaixada.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criticou a medida: "É um disparate".
A medida foi tomada, de acordo com a representação diplomática, por conta da gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína, que já atingiu o Brasil.
A embaixada americana adotou a prática desde a última terça, antes da confirmação dos primeiros casos no Brasil. Apesar da medida, o órgão informou que não houve recusa de atendimento até agora.
"Estamos adotando precauções para proteger a saúde dos nossos funcionários e das pessoas que solicitam vistos. Essas são precauções normais para evitar a transmissão de qualquer tipo de doença contagiosa em áreas onde se reúnem muitas pessoas", declarou a representação, por e-mail.
Os quatro consulados americanos no país levam ao menos uma semana para processar os pedidos de visto, o que, na prática, faz com que o turista que eventualmente esteja doente no dia da entrevista já tenha se recuperado quando for viajar.
Entre os casos confirmados no Brasil, três pacientes estiveram no México, dois viajaram para os EUA e um outro contraiu a doença de um amigo no Rio. Ontem, os EUA passaram o México em número de infectados, com 1.639 casos em 43 dos 50 Estados, contra 1.204 doentes mexicanos.
A embaixada americana mantém atendimento em consulados -São Paulo, Rio e Recife-, além de Brasília. Só em São Paulo são atendidas, em média, cerca de 1.500 pessoas por dia.
Em nota, a embaixada americana pediu que as pessoas que apresentem sintomas de gripe reagendem sua entrevista para visto "assim que estiverem livres de tais sintomas".
A embaixada, no entanto, não detalha como é feita a inspeção -se é realizada por um médico ou por algum outro funcionário. "Cada solicitação de visto é analisada por seu mérito individual e processada de acordo com as leis de imigração dos EUA. Essa decisão será feita caso a caso", informou.
Questionado, o Ministério das Relações Exteriores não se pronunciou sobre o assunto. Não informou nem se aplicará o princípio da reciprocidade para cidadãos americanos que pedem visto nos consulados brasileiros nos EUA.
Para o infectologista Juvêncio Furtado, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a decisão da embaixada americana de inspecionar pessoas é discriminatória.


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