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EUA examinam brasileiro que pede visto
Desde 3ª, quem vai à embaixada americana é submetido a "inspeção"; medida também vale para cidadãos americanos
Candidato com sintomas de gripe é orientado a esperar; argumento usado por órgão é o de proteger saúde de funcionários e visitantes
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Embaixada dos Estados
Unidos no Brasil anunciou que
já restringe o atendimento a
pessoas que apresentem sintomas de gripe, tanto brasileiros
quanto cidadãos americanos.
Quem for à embaixada ou aos
consulados para pedir visto ou
outros serviços terá de passar
por uma "inspeção". Se for verificado que apresenta sintomas
de gripe, será pedido adiamento de "suas solicitações até que
sua condição de saúde melhore", segundo a embaixada.
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, criticou a
medida: "É um disparate".
A medida foi tomada, de
acordo com a representação diplomática, por conta da gripe A
(H1N1), conhecida como gripe
suína, que já atingiu o Brasil.
A embaixada americana adotou a prática desde a última terça, antes da confirmação dos
primeiros casos no Brasil. Apesar da medida, o órgão informou que não houve recusa de
atendimento até agora.
"Estamos adotando precauções para proteger a saúde dos
nossos funcionários e das pessoas que solicitam vistos. Essas
são precauções normais para
evitar a transmissão de qualquer tipo de doença contagiosa
em áreas onde se reúnem muitas pessoas", declarou a representação, por e-mail.
Os quatro consulados americanos no país levam ao menos
uma semana para processar os
pedidos de visto, o que, na prática, faz com que o turista que
eventualmente esteja doente
no dia da entrevista já tenha se
recuperado quando for viajar.
Entre os casos confirmados
no Brasil, três pacientes estiveram no México, dois viajaram
para os EUA e um outro contraiu a doença de um amigo no
Rio. Ontem, os EUA passaram
o México em número de infectados, com 1.639 casos em 43
dos 50 Estados, contra 1.204
doentes mexicanos.
A embaixada americana
mantém atendimento em consulados -São Paulo, Rio e Recife-, além de Brasília. Só em São
Paulo são atendidas, em média,
cerca de 1.500 pessoas por dia.
Em nota, a embaixada americana pediu que as pessoas que
apresentem sintomas de gripe
reagendem sua entrevista para
visto "assim que estiverem livres de tais sintomas".
A embaixada, no entanto,
não detalha como é feita a inspeção -se é realizada por um
médico ou por algum outro
funcionário. "Cada solicitação
de visto é analisada por seu mérito individual e processada de
acordo com as leis de imigração
dos EUA. Essa decisão será feita caso a caso", informou.
Questionado, o Ministério
das Relações Exteriores não se
pronunciou sobre o assunto.
Não informou nem se aplicará
o princípio da reciprocidade
para cidadãos americanos que
pedem visto nos consulados
brasileiros nos EUA.
Para o infectologista Juvêncio Furtado, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a decisão da embaixada
americana de inspecionar pessoas é discriminatória.
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