São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

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Secretário não acredita em "poder paralelo"

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Aguiar, disse não acreditar na existência de um "poder paralelo" do tráfico nas favelas.
De acordo com ele, o fato de os traficantes trocarem tiros entre si em disputa pelos pontos-de-venda de drogas mostra que o poder deles não é hegemônico e, portanto, não tem influência permanente sobre a vida da população.
Aguiar considera que não cabe apenas à polícia o papel de combater o tráfico de drogas e a influência que ele exerce sobre os moradores das favelas. Para o secretário, é imprescindível uma ação de todos os setores da sociedade. "A ação da segurança pública tem o dever de legitimar o poder do Estado nas favelas e nas ruas. No entanto, para acabarmos com o tráfico, é preciso um conjunto de medidas sociais, educacionais, culturais e de lazer para não deixarmos as pessoas serem enganadas por práticas que seriam impostas por criminosos."
O secretário afirmou que a polícia dispõe de um conjunto de estratégias que já estão sendo utilizadas no combate ao tráfico em favelas do Rio. A pressão, segundo ele, é uma forma eficaz de assustar os criminosos.
Ele cita, como exemplo, o tiroteio ocorrido em maio no morro da Coroa, no Catumbi (zona central), quando uma criança de nove anos foi atingida por uma bala perdida em uma escola, utilizada como rota de fuga dos traficantes.
"Foi só eu ameaçar transferir meu gabinete para aquela escola que os tiroteios no local acabaram. Não seremos liberais com os criminosos", disse Aguiar.
A assessoria do chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, afirmou que ele não comentaria o assunto por entender que a abordagem "endeusa" os traficantes e "cria mitos". Segundo a assessoria da Polícia Civil, não existe medo no Rio nem toque de recolher imposto pelos traficantes.


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