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25 de Março lota, e ação contra camelôs acaba em confusão
Bombeiro é detido após repreender guardas civis por uso de força excessiva em operação contra comércio ilegal
Feriado prolongado e proximidade do Dia dos Namorados levaram cerca de 600 mil pessoas ontem à rua de comércio popular
TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um sargento do Corpo de
Bombeiros foi detido depois de
sofrer agressões por parte de
guardas civis metropolitanos,
na rua 25 de Março (região central da capital).
O incidente ocorreu por volta
das 15h de ontem durante ação
classificada pela GCM (Guarda
Civil Metropolitana) como
"operação de rotina para combate ao comércio irregular".
Devido ao feriado e ao Dia
dos Namorados, havia cerca de
600 mil pessoas na 25 de Março. Em fins de semana normais,
a rua recebe cerca de 400 mil
visitantes, segundo a Univinco
(União dos Lojistas da 25 de
Março e Adjacências).
O tumulto, presenciado pela
reportagem, começou quando
o terceiro-sargento Mauro César de Almeida Ventura, 38, repreendeu os guardas civis por
usarem força excessiva contra
os ambulantes e os visitantes e
por terem derrubado o seu filho, de 6 anos, no chão.
Mais de 30 integrantes da
GCM cercaram o sargento, que
foi agarrado pela camisa e jogado contra a parede de uma loja.
"Apanhei calado. Meu filho
pequeno se ajoelhou e pediu
pelo amor de Deus para não baterem no pai dele", diz Ventura,
que só se identificou como sargento após sofrer as primeiras
agressões. Depois disso, ele ainda foi algemado e jogado com
violência no banco de trás de
uma viatura da GCM.
Após a ação, um grupo de
pessoas cercou os guardas civis,
que reagiram lançando gás pimenta. Uma mulher passou
mal dentro de uma lanchonete
e foi socorrida no local.
"Jogaram gás pimenta em
gente que não tinha nada a ver,
tinha criança aqui", afirmou a
balconista de uma lanchonete,
que não quis se identificar.
Ventura foi liberado assim
que chegou ao 1º Distrito Policial. Com marcas de algemas
nos pulsos, disse ter sofrido
agressões na viatura, antes de
chegar ao distrito.
"Colocaram o revólver no
meu queixo e falaram que iam
me matar", disse o sargento.
O guarda civil que deteve o
bombeiro se identificou apenas
como Klewerson e disse que tomou a atitude depois de Ventura acusá-lo de ladrão.
Para ele, a ação foi justificada
pois o sargento o teria desacatado e estaria impedindo o serviço dos guardas.
Segundo o delegado plantonista do 1º Distrito Policial (Sé),
Sérgio Ricardo da Silva, o GCM
será incluído em um termo circunstanciado (uma espécie de
boletim de ocorrência para crimes leves) como autor de lesão
corporal e injúria, e o sargento,
como autor de injúria e difamação. Ambos foram liberados
ontem mesmo.
Colaborou ISABELA MENA
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