São Paulo, sábado, 09 de junho de 2007

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25 de Março lota, e ação contra camelôs acaba em confusão

Bombeiro é detido após repreender guardas civis por uso de força excessiva em operação contra comércio ilegal

Feriado prolongado e proximidade do Dia dos Namorados levaram cerca de 600 mil pessoas ontem à rua de comércio popular

TOMÁS CHIAVERINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um sargento do Corpo de Bombeiros foi detido depois de sofrer agressões por parte de guardas civis metropolitanos, na rua 25 de Março (região central da capital). O incidente ocorreu por volta das 15h de ontem durante ação classificada pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) como "operação de rotina para combate ao comércio irregular".
Devido ao feriado e ao Dia dos Namorados, havia cerca de 600 mil pessoas na 25 de Março. Em fins de semana normais, a rua recebe cerca de 400 mil visitantes, segundo a Univinco (União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências).
O tumulto, presenciado pela reportagem, começou quando o terceiro-sargento Mauro César de Almeida Ventura, 38, repreendeu os guardas civis por usarem força excessiva contra os ambulantes e os visitantes e por terem derrubado o seu filho, de 6 anos, no chão.
Mais de 30 integrantes da GCM cercaram o sargento, que foi agarrado pela camisa e jogado contra a parede de uma loja. "Apanhei calado. Meu filho pequeno se ajoelhou e pediu pelo amor de Deus para não baterem no pai dele", diz Ventura, que só se identificou como sargento após sofrer as primeiras agressões. Depois disso, ele ainda foi algemado e jogado com violência no banco de trás de uma viatura da GCM.
Após a ação, um grupo de pessoas cercou os guardas civis, que reagiram lançando gás pimenta. Uma mulher passou mal dentro de uma lanchonete e foi socorrida no local. "Jogaram gás pimenta em gente que não tinha nada a ver, tinha criança aqui", afirmou a balconista de uma lanchonete, que não quis se identificar.
Ventura foi liberado assim que chegou ao 1º Distrito Policial. Com marcas de algemas nos pulsos, disse ter sofrido agressões na viatura, antes de chegar ao distrito. "Colocaram o revólver no meu queixo e falaram que iam me matar", disse o sargento.
O guarda civil que deteve o bombeiro se identificou apenas como Klewerson e disse que tomou a atitude depois de Ventura acusá-lo de ladrão. Para ele, a ação foi justificada pois o sargento o teria desacatado e estaria impedindo o serviço dos guardas. Segundo o delegado plantonista do 1º Distrito Policial (Sé), Sérgio Ricardo da Silva, o GCM será incluído em um termo circunstanciado (uma espécie de boletim de ocorrência para crimes leves) como autor de lesão corporal e injúria, e o sargento, como autor de injúria e difamação. Ambos foram liberados ontem mesmo.


Colaborou ISABELA MENA


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