São Paulo, quinta-feira, 09 de julho de 2009

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Grávida que perdeu bebê no Rio pediu ajuda a 2 ambulâncias

Os motoristas disseram que só poderiam levá-la caso o médico determinasse; ela seguiu, então, de van

DA SUCURSAL DO RIO

A grávida cuja filha nasceu morta na última quinta-feira após não ser atendida no hospital Miguel Couto, no Rio, disse ontem à polícia que seu marido pediu a motoristas de duas ambulâncias do local que a levassem até a maternidade, mas eles disseram que só poderiam transportá-la caso o médico assim determinasse.
Como o médico alegou que não havia vagas, ela foi de van à maternidade, onde perdeu o bebê. O médico, ao dispensá-la, ainda escreveu em seu braço o número do ônibus que deveria pegar para ir à maternidade.
Manuela Costa, 29, estava grávida de sete meses e havia feito quatro consultas durante o período pré-natal, sem constatar anormalidades, quando sentiu fortes contrações, às 7h da última quinta.
Moradora da favela da Rocinha, ela foi ao hospital mais perto -o Miguel Couto, na Gávea (zona sul).
Segundo contou à polícia, um médico a examinou -teria ouvido o coração do bebê-, chegou a constatar que ela poderia ter parto prematuro, receitou medicação e indicou que ela procurasse uma maternidade.
"Ela contou que, ao sair, viu duas ambulâncias e seu marido pediu aos motoristas que a transportassem. Os motoristas disseram que não poderiam fazer isso sem ordem superior, e então eles foram de van", disse a delegada Tércia Amoêdo, que investiga o caso.
Os primeiros exames na outra maternidade já constataram que o bebê estava morto, segundo a polícia. "O mais provável é que no caminho tenha havido descolamento da placenta, o que causou hemorragia e a morte do bebê."
A delegada disse ainda que não considera ilícita a conduta dos motoristas. Ela vai ouvir o médico hoje e pretende indiciá-lo por omissão de socorro com agravante de resultar em morte. A pena máxima é de 18 meses de prisão.
A Secretaria Municipal da Saúde do Rio afirma que o médico agiu por conta própria, sem respeitar orientação da prefeitura, e que o investiga por meio de sindicância.
A reportagem não conseguiu localizar o médico.


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