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Negócios do colombiano no Brasil incluem imóveis, computadores, jet-ski e bebidas
DA REPORTAGEM LOCAL
O traficante colombiano
Juan Carlos Ramírez Abadía
era um empresário de visão: investia em negócios diversificados, num arco que vai de imóveis a computadores, de alimentos a jet-ski, de carros a bebidas, de piscicultura a perfumes, de acordo com a investigação da Polícia Federal.
A PF ainda não sabe se os empresários que teriam se associado a Abadía são laranjas ou
sócios na lavagem de dinheiro.
Qualquer que seja a opção, a 6ª
Vara Federal de São Paulo decretou a prisão de 16 supostos
empresários, dez dos quais são
brasileiros -a suspeita é que os
outros seis sejam colombianos.
Todos são acusados de ajudar a
lavar dinheiro para o traficante.
A maior das empresas acusadas pela PF de lavar dinheiro
para o traficante é a Jet Pilot do
Brasil, uma revendedora de jet-skis e quadriciclos localizada na
avenida Bandeirantes, na zona
sul de São Paulo. Seu capital declarado é de R$ 500 mil.
A segunda empresa no ranking das que têm capital mais
elevado (R$ 300 mil), a Empreendimentos Espanobrasileiros, fica em Curitiba. Dedica-se a um ramo suspeito de ser
usado para lavagem: presta assessoria internacional para investimentos e intermedeia importação e exportação.
Só um dos empresários presos junto com Abadía tinha um
passado ligado ao narcotráfico.
Julio Cesar de Oliveira é alvo de
um inquérito em Goiás, aberto
em 2005, no qual é acusado de
ter transportado 450 kg de cocaína. Julio aparece como sócio
na empresa Piscicultura São
Francisco de Assis, que aparece
como integrante do esquema
de lavagem do traficante.
Outro sócio da Piscicultura
São Francisco, o piloto de
aviões gaúcho André Luiz Teles
Barcellos, é o parceiro mais freqüente de Abadía. Ele aparece
como sócio em quatro das 16
empresas acusadas de lavagem
-todas tiveram os valores de
suas contas bancárias bloqueados por decisão da Justiça Federal de São Paulo. Além da piscicultura, André é sócio da Barcelos e Mostardeiro Comércio
e Importação, Compujet Informática e Mostardeiro & Barcellos Indústria e Comércio de
Café, Cereais e Bebidas.
A PF prendeu André, sua
mulher (Elaine Mostardeiro
Barcellos) e seu filho (André
Mostardeiro Barcellos).
Não é a primeira vez que o piloto gaúcho aparece numa investigação sobre narcotráfico.
Em novembro de 2005, a PF
prendeu Milsivan Chavier dos
Santos, conhecido como Parceirinho, numa pista clandestina em Santana do Araguaia
(PA) com 57 quilos de cocaína.
Segundo a PF, foi André
quem forneceu as coordenadas
da pista. Na época, ele não foi
denunciado formalmente.
Segundo o empresário Valter
de Paula, 50, proprietário da
Planavel Peças e Manutenção
de Aeronaves, André procurou-o no primeiro semestre de
2006 para comprar um hangar
no Campo de Marte para montar uma empresa de táxi aéreo.
O piloto tem um bimotor.
Outro lado
O gerente da Jet Pilot, Gilberto Trindade, diz que a empresa trocou de mãos em março e nesta nova fase nunca fez
negócios com Abadía.
Ana Maria Rica, mulher de
Antônio Marcos Ayres da Fonseca, acusado de lavar dinheiro
por meio de duas lojas de veículos e uma empresa de blindagem, diz que ele só vendeu quatro carros nacionais para Abadía. "Meu marido não conhece
esse traficante. Somos pobres,
temos uma loja pequena."
A Folha não conseguiu localizar advogados ou familiares
dos outros empresários presos.
O telefone de Guaíba (RS) registrado em nome de André
Luiz Telles Barcelos não pode
ser divulgado, segundo a Brasil
Telecom.
(MARIO CESAR CARVALHO, RUBENS VALENTE E KLEBER TOMAZ)
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