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Pesquisas sobre paternidade são escassas
Estudo aponta que maioria dos órgãos não acompanha casos de letalidade policial
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
A maioria das ouvidorias de
polícia do país não acompanha
de perto os casos de pessoas
mortas pela própria polícia.
Pesquisa feita pelo Núcleo de
Estudos da Violência da USP
mostra que boa parte dos órgãos serve apenas como uma
espécie de "balcão de reclamações" da população. Apontadas
como um dos principais órgãos
de controle externo das ações
policiais, as ouvidorias contam
com poucos e mal treinados
funcionários. As ouvidorias não
têm orçamento próprio e também não têm poder para nomear seus funcionários.
O estudo, encomendado pela
Sedh (Secretaria Especial de
Direitos Humanos), vinculada
à Presidência da República, foi
feito com as 14 ouvidorias de
polícia que existiam até 2007
-atualmente são pelo menos
17 em todo o país.
O diagnóstico foi a base para
a criação de um manual para
acompanhamento da letalidade policial, distribuído às ouvidorias de polícia.
A pesquisa aponta que em só
três Estados (São Paulo, Minas
e Pará), as ouvidorias são informadas automaticamente de cada morte cometida por policial.
A maioria das ouvidorias não
recebe respostas quando solicitam a informação à Secretaria
de Segurança.
No Rio (Estado onde a polícia
mais mata no país), as mortes
cometidas por policiais só são
investigadas caso alguém acione o órgão. "As resistências das
corporações para investigar os
casos de letalidade e punir possíveis culpados, além das omissões diante desses casos por
parte das autoridades, torna o
trabalho das ouvidorias desafiador", diz o estudo.
Para Isabel Figueiredo, diretora do Programa de Apoio às
Ouvidorias da Sedh, o órgão é o
"espaço institucional da sociedade civil" no controle da polícia. Mas apenas cinco ouvidores são eleitos com participação da sociedade civil. Os demais são indicados por governadores ou secretários.
"Vínculos políticos com as
autoridades da Secretaria de
Segurança ou do governo do
Estado podem servir de impedimento para que ouvidores
coloquem a letalidade [policial]
como ponto central no trabalho das ouvidorias."
O ouvidor do Rio, o procurador aposentado Luiz Sérgio
Wigderowitz, considera que
não é sua função controlar o
trabalho da polícia. Em 2008,
quando a polícia matou 1.134
civis em supostos confrontos, a
ouvidoria acompanhou apenas
dez casos -o resultado das investigações não foi divulgado.
O órgão só age quando procurado pela família da vítima. Para
Wigderowitz, é papel do Ministério Público controlar a ação
da polícia.
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