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Demolição do São Vito começa hoje
Após obras preparatórias, edifício no centro de SP será derrubado tijolo a tijolo para não causar danos no entorno
Obras têm previsão de término em fevereiro do ano que vem; a CET implantará mudanças no trânsito local
WILLIAM CARDOSO
DO "AGORA"
O edifício São Vito, na região central de São Paulo, começa a ser demolido hoje,
depois de disputas judiciais
que se arrastam desde 2003.
O risco de danos aos vitrais
do Mercado Municipal, às
construções do entorno, à
avenida do Estado e ao rio
Tamanduateí fizeram com
que a prefeitura optasse pela
demolição tijolo a tijolo -e
não pela implosão, como
idealizado inicialmente.
A demolição -que engloba os edifícios vizinhos Mercúrio e Francisco Herreria-
faz parte da revitalização da
área do parque D. Pedro 2º.
Na semana passada, foram
feitas obras preparatórias.
A prefeitura economizará
cerca de R$ 3,3 milhões com
a mudança de método. A empresa responsável tem cinco
meses para colocar o edifício,
de mais de 50 anos, no chão.
Nos anos 80, o prédio de 27
pavimentos passou por processo de degradação, que o
transformou numa favela
vertical. Na gestão da petista
Marta (2001-04), chegou-se a
cogitar a construção de moradias populares no local.
O projeto não vingou nas
gestões de Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM). Segundo Kassab, um novo projeto
será apresentado em 90 dias.
Responsável por uma demolidora, o engenheiro civil
Deoclides Rosa afirma que
seria arriscado implodir o
edifício. "Não tem subsolo,
então o material iria se esparramar, podendo chegar ao
rio e provocar estragos no
Mercadão", diz.
TRÂNSITO
Durante o período de demolição, previsto para terminar em fevereiro, a CET vai
implantar mudanças no
trânsito no entorno.
A avenida do Estado, por
exemplo, terá redução de
uma faixa em trecho de cerca
de 150 metros, em direção à
marginal Tietê.
A faixa da esquerda, próxima à margem do rio Tamanduateí, também será reduzida em um metro para a ampliação de uma calçada, que
servirá de desvio.
ÉPOCA DE OURO
O mecânico Sebastião Natalino, 68, trabalha próximo
ao edifício São Vito há 40
anos e viu todas as transformações. O destino do prédio
mexeu até com sua vida.
A oficina mecânica da
qual era proprietário, na rua
Carlos Garcia, já foi demolida
e agora ele é flanelinha, entre
a obra e o viaduto Diário Popular. Tudo para não ficar
longe do lugar. "Eu devia ter
feito um filme. Claro que a
parte ruim seria muito maior.
Vi o prédio ser tomado por
prostitutas e ladrões", diz.
Nos anos 70, o São Vito foi
residência de juízes e oficiais
da Aeronáutica, clientes de
Natalino. Segundo o mecânico, até programas de rádio
eram transmitidos direto do
edifício, que recebia visitas
ilustres. "Até o Roberto Carlos vinha aqui", diz.
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