São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Demolição do São Vito começa hoje

Após obras preparatórias, edifício no centro de SP será derrubado tijolo a tijolo para não causar danos no entorno

Obras têm previsão de término em fevereiro do ano que vem; a CET implantará mudanças no trânsito local

WILLIAM CARDOSO
DO "AGORA"

O edifício São Vito, na região central de São Paulo, começa a ser demolido hoje, depois de disputas judiciais que se arrastam desde 2003.
O risco de danos aos vitrais do Mercado Municipal, às construções do entorno, à avenida do Estado e ao rio Tamanduateí fizeram com que a prefeitura optasse pela demolição tijolo a tijolo -e não pela implosão, como idealizado inicialmente.
A demolição -que engloba os edifícios vizinhos Mercúrio e Francisco Herreria- faz parte da revitalização da área do parque D. Pedro 2º. Na semana passada, foram feitas obras preparatórias.
A prefeitura economizará cerca de R$ 3,3 milhões com a mudança de método. A empresa responsável tem cinco meses para colocar o edifício, de mais de 50 anos, no chão.
Nos anos 80, o prédio de 27 pavimentos passou por processo de degradação, que o transformou numa favela vertical. Na gestão da petista Marta (2001-04), chegou-se a cogitar a construção de moradias populares no local.
O projeto não vingou nas gestões de Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM). Segundo Kassab, um novo projeto será apresentado em 90 dias.
Responsável por uma demolidora, o engenheiro civil Deoclides Rosa afirma que seria arriscado implodir o edifício. "Não tem subsolo, então o material iria se esparramar, podendo chegar ao rio e provocar estragos no Mercadão", diz.

TRÂNSITO
Durante o período de demolição, previsto para terminar em fevereiro, a CET vai implantar mudanças no trânsito no entorno.
A avenida do Estado, por exemplo, terá redução de uma faixa em trecho de cerca de 150 metros, em direção à marginal Tietê.
A faixa da esquerda, próxima à margem do rio Tamanduateí, também será reduzida em um metro para a ampliação de uma calçada, que servirá de desvio.

ÉPOCA DE OURO
O mecânico Sebastião Natalino, 68, trabalha próximo ao edifício São Vito há 40 anos e viu todas as transformações. O destino do prédio mexeu até com sua vida.
A oficina mecânica da qual era proprietário, na rua Carlos Garcia, já foi demolida e agora ele é flanelinha, entre a obra e o viaduto Diário Popular. Tudo para não ficar longe do lugar. "Eu devia ter feito um filme. Claro que a parte ruim seria muito maior. Vi o prédio ser tomado por prostitutas e ladrões", diz.
Nos anos 70, o São Vito foi residência de juízes e oficiais da Aeronáutica, clientes de Natalino. Segundo o mecânico, até programas de rádio eram transmitidos direto do edifício, que recebia visitas ilustres. "Até o Roberto Carlos vinha aqui", diz.


Texto Anterior: Antônio Inácio da Silva (1909-2010): Moreno, cangaceiro de Lampião
Próximo Texto: Casal é achado morto em apartamento na zona norte de SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.