São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2000

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Programa não cresceu nas duas últimas gestões

DA REPORTAGEM LOCAL

A reciclagem do lixo implantada pela Prefeitura de São Paulo em 1989 não teve evolução nas administrações de Paulo Maluf (93-96) e Celso Pitta (97-2000).
Existem hoje 17 Postos de Entrega Voluntária onde a população pode depositar o lixo reciclável em contêineres apropriados.
Além disso, há 27 circuitos de coleta domiciliar, em que caminhões passam por áreas previamente definidas para recolher materiais reaproveitáveis.
Essa estrutura já existia dez anos atrás. Ou seja, nada de novo foi implantado nesse período para aumentar o índice de 1% de lixo reciclado em São Paulo.
Sobre as realizações da administração de Celso Pitta nesse setor, o secretário de Serviços e Obras, João Otaviano Machado Neto, limita-se a dizer: "Foi mantida a estrutura existente".
No Brasil, há pelo menos três cidades com trabalhos de reciclagem elogiados por especialistas: Santo André, na Grande São Paulo, Porto Alegre e Curitiba.
Nesses municípios, a coleta seletiva é feita em toda a sua área. Em Santo André, a população separa o lixo em dois sacos -um para o orgânico, que vai para o aterro, e outro para resíduos secos, que segue para a Usina de Triagem.
Foram criadas duas cooperativas: a de reciclagem (Coopcicla) e a dos coletores comunitários. Os 72 membros da Coopcicla separam e comercializam o material reciclável. Os 74 coletores comunitários fazem a coleta com um carrinho manual onde o caminhão não tem acesso, como favelas e áreas de mananciais.
No livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo", lançado em outubro de 1997, o economista Sabetai Calderoni apontava que o Brasil perdia por ano pelo menos R$ 4,6 bilhões por não reciclar adequadamente o lixo produzido em suas casas.
Ele chegou a esse número ao considerar a economia que poderia ser obtida a partir do uso de materiais reciclados com energia elétrica, água, matéria-prima, controle ambiental e aterramento e incineração de resíduos.

Contratos
Mesmo sem criar novos programas de reciclagem, os gastos da prefeitura com o lixo nos últimos cinco anos passam de R$ 1,2 bilhão. Estavam previstas somente para este ano despesas de mais de R$ 440 milhões.
A validade dos contratos emergenciais com as quatro empreiteiras que cuidam da coleta e varrição de lixo na cidade -Enterpa, Vega Ambiental, Cliba e Cavo- termina no próximo mês.
Esse problema deverá ser resolvido pelo próximo prefeito, já que não deve haver tempo para a atual gestão fazer uma concorrência para escolher novas empreiteiras. Um aditamento também pode ser contestado na Justiça porque os contratos são emergenciais.
A prefeitura tenta desde 98 fazer uma licitação para varrição e coleta do lixo. Em razão de irregularidades apontadas pelo TCM (Tribunal de Contas do Município), o edital foi anulado em agosto.



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