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Ministério Público vai investigar série de obras paradas no Estado
Iniciativa ocorreu após Folha mostrar ao menos 26 "esqueletos" em São Paulo
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
O procurador do Ministério
Público Estadual João Francisco Viegas encaminhou ontem
um ofício orientando os promotores das cidades paulistas
com obras públicas paradas a
investigar possível uso indevido da verbas e ou desrespeito à
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ontem, reportagem da Folha mostrou que existem pelo
menos 26 "esqueletos" de
obras, entre hospitais, viadutos
e conjuntos habitacionais, em
21 cidades do Estado com mais
de 100 mil habitantes.
A Assembléia Legislativa
também se manifestou e deve
criar uma comissão especial
para investigar o assunto, além
de convocar a Secretaria da Casa Civil do governo José Serra
(PSDB) para esclarecimentos.
"Temos que analisar caso a
caso como cada administrador
se comportou frente a esses esqueletos abandonados que usaram dinheiro público", disse
Viegas, coordenador do Centro
de Apoio Operacional da Cidadania das Promotorias de Justiça do Estado.
Para as obras com verbas da
União -são pelo menos oito casos, pelo mapeamento da Folha-, uma delas, em Mogi das
Cruzes (Grande SP) já está sendo investigada pelo Ministério
Público Federal. Trata-se de
um conjunto habitacional paralisado há três anos e meio.
O procurador Mateus Magnani, de Guarulhos (Grande
SP), disse que pode pedir a quebra de sigilo bancário dos membros da Caixa Econômica Federal que aprovaram o conjunto.
Eles podem responder por improbidade administrativa.
Comissão especial
Na Assembléia Legislativa, o
líder do PT, deputado estadual
Simão Pedro, disse que proporá
hoje a criação de uma comissão
especial para apurar a razão das
paralisações das obras e identificar os responsáveis.
O governo do Estado também deve ser investigado. A
presidência da Comissão de
Serviços e Obras Públicas da
Assembléia Legislativa pretende convocar o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira
Filho, para explicar por que há
obras com recursos do Estado
não concluídas -a reportagem
apontou nove casos.
A Secretaria da Casa Civil
disse que só se manifestará depois de receber a convocação.
Em relação às obras com recursos municipais, o presidente da Comissão de Obras Públicas da assembléia, Sebastião
Almeida (PT), disse que irá encaminhar requerimento ao
TCE (Tribunal de Contas do
Estado) questionando se o tribunal tem ciência de que as
obras estão paradas e se, mesmo nessas circunstâncias, os
prefeitos tiveram as contas
aprovadas pelo tribunal.
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