São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Jovens de classe alta são acusados de tráfico

A polícia prendeu ontem nove suspeitos de traficar ecstasy, LSD, cocaína, maconha, crack e haxixe na zona sul do Rio

Segundo as investigações, drogas compradas em favelas eram negociadas em academias, universidades, raves e até pela internet

André Mourão/Agif/Folha Imagem
Os nove jovens presos acusados de traficar ecstasy, LSD, cocaína, maconha, crack e haxixe em bairros nobres da zona sul do Rio

MÁRCIA BRASIL
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia prendeu ontem nove acusados de traficar ecstasy, LSD, cocaína, maconha, crack e haxixe nos bairros mais abastados da zona sul do Rio.
Oito dos presos são integrantes de famílias de classe alta e o nono é taxista. Os agentes da Delegacia de Combate às Drogas apreenderam ainda uma adolescente portuguesa de 17 anos, mas ela foi liberada.
Um dos acusados, estudante de design industrial, foi algemado dentro da Universidade Estácio de Sá, no centro.
A investigação começou em junho e resultou na operação Octógono (referência ao ringue de vale-tudo, luta praticada por alguns dos jovens).
Denunciados pelo Ministério Público, que acompanhou a investigação desde o início, todos os integrantes do grupo negaram ser traficantes (leia texto abaixo).
A polícia não soube informar o montante movimentado pela quadrilha nem a quantidade de drogas vendida.

Outros integrantes
"Constatamos que a quadrilha tem ainda outros integrantes e que os usuários não distinguem as drogas. Tomam ecstasy, LSD, consomem maconha", declarou a delegada Patrícia Aguiar, 31, titular da Delegacia de Combate às Drogas.
De acordo com as escutas e as imagens, autorizadas pela Justiça, os jovens -a maioria universitária- revendiam drogas compradas em favelas da zona sul (Dona Marta, em Botafogo, e Santo Amaro, Catete) e no Jacarezinho (zona norte).
Segundo as investigações, as drogas eram negociadas por telefone, pela internet e em raves, boates, universidades, colégios, academias e nas praias.
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, foi à delegacia felicitar a equipe. "Não é quadrilha de usuários, mas de traficantes. A sociedade precisa refletir sobre os valores familiares. Não se trata de problema de segurança, mas social. São jovens totalmente irresponsáveis e descompromissados", disse.

Policiais infiltradas
Dos 35 policiais que participaram da ação, cinco são mulheres -que, infiltradas, freqüentaram raves e boates, acompanhando o grupo.
A polícia acusa o estudante de psicologia Bruno Pompeu D'Urso, 18, de ser o líder do grupo. Os outros presos são Pedro Paulo Faria David, 23, Rodrigo Foresti de Luca, 21, Fábio Luiz Cardoso da Silva, 26, Renato da Silva Magdalena, 32, Jéssica de Albuquerque e Correia, 18, Maycon Scoralick, 20, e Rafael Luiz Passos, 19.
Thiago Castilho, 24, que já estava preso por roubo e é filho de um policial civil, também foi levado ontem até a delegacia.
A portuguesa de 17 anos, de acordo com a polícia, vendia drogas e era responsável por cobrar as dívidas de "clientes". A jovem, que mora no Brasil há cinco anos, depôs e foi liberada.


NA INTERNET - Ouça trechos das escutas
www.folha.com.br/073121



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