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Investimento em pessoal é baixo, dizem pesquisadores
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve dos policiais civis de
São Paulo reverberou em todo
o país porque os governos estaduais preferem investir em
equipamentos do que em salários, segundo dois pesquisadores ouvidos pela Folha. O porte
do movimento poderá ser aferido no dia 17, quando os policiais civis de todo o país ameaçam parar por quatro horas.
O cientista político João Trajano, do Laboratório de Análise
da Violência da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz que como regra os salários da polícia são baixos no
Brasil quando comparados
com os de promotores e juízes:
"Os governos investem pouco
em recursos humanos. Os políticos preferem comprar carros
policiais e equipamentos porque esse tipo de investimento
têm mais apelo eleitoral. Pessoal nunca é a prioridade".
Segundo Trajano, não são só
os salários que sofrem com esse tipo de política. A formação
do policial também é prejudicada porque a aplicação em
cursos é baixa, afirma ele.
O economista Bruno Souza,
analista de planejamento de
orçamento do governo federal,
diz que há uma explicação simples para o fato de os governos
preferirem comprar equipamentos a investir em remuneração: "Salário é uma despesa
continuada, tem que pagar todo mês por 30 anos. É por isso
que há uma concentração avassaladora nos gastos com equipamentos e muito pouco recurso é aplicado em formação
de policiais".
O apreço do PSDB pelo equilíbrio fiscal e o número grande
de policiais inativos explicam
os salários pagos em SP, diz ele.
São Paulo, afirma, tem tradição
maior de controle fiscal por
causa dos empréstimos externos que costuma fazer -sem as
contas em dia, o Estado não pode contrair empréstimos.
Segundo o economista, Estados com um contingente grande de policiais têm dificuldade
de recompor os salários por
causa do impacto dos aumentos na folha. "Quando o número de inativos é muito grande, o
governo não consegue recompor as perdas de uma só vez."
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