São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008

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Investimento em pessoal é baixo, dizem pesquisadores

DA REPORTAGEM LOCAL

A greve dos policiais civis de São Paulo reverberou em todo o país porque os governos estaduais preferem investir em equipamentos do que em salários, segundo dois pesquisadores ouvidos pela Folha. O porte do movimento poderá ser aferido no dia 17, quando os policiais civis de todo o país ameaçam parar por quatro horas.
O cientista político João Trajano, do Laboratório de Análise da Violência da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz que como regra os salários da polícia são baixos no Brasil quando comparados com os de promotores e juízes: "Os governos investem pouco em recursos humanos. Os políticos preferem comprar carros policiais e equipamentos porque esse tipo de investimento têm mais apelo eleitoral. Pessoal nunca é a prioridade".
Segundo Trajano, não são só os salários que sofrem com esse tipo de política. A formação do policial também é prejudicada porque a aplicação em cursos é baixa, afirma ele.
O economista Bruno Souza, analista de planejamento de orçamento do governo federal, diz que há uma explicação simples para o fato de os governos preferirem comprar equipamentos a investir em remuneração: "Salário é uma despesa continuada, tem que pagar todo mês por 30 anos. É por isso que há uma concentração avassaladora nos gastos com equipamentos e muito pouco recurso é aplicado em formação de policiais".
O apreço do PSDB pelo equilíbrio fiscal e o número grande de policiais inativos explicam os salários pagos em SP, diz ele.
São Paulo, afirma, tem tradição maior de controle fiscal por causa dos empréstimos externos que costuma fazer -sem as contas em dia, o Estado não pode contrair empréstimos.
Segundo o economista, Estados com um contingente grande de policiais têm dificuldade de recompor os salários por causa do impacto dos aumentos na folha. "Quando o número de inativos é muito grande, o governo não consegue recompor as perdas de uma só vez."



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