São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008

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Empresários "faturam" com soluções para caos de SP

Trânsito leva bikeboys e piloto de helicóptero a lucrarem com drama de paulistanos

Para lidar com violência, Juca Amaral criou Wilson, um boneco inflável que serve de companhia para motoristas no tráfego

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA

Pegue uma área de 1,5 milhão de m2 e adicione 10,9 milhões de pessoas vivendo em condições desiguais. Depois, distribua 6,3 milhões de carros. Os moradores de São Paulo conhecem a receita do caos.
Os problemas da metrópole, entretanto, são matéria-prima para alguns empreendedores. Eles oferecem serviços criativos para tentar resolvê-los.
É o caso de Anderson Marcelo de Oliveira, 34, que inventou a profissão de bikeboy e montou uma empresa de entregas, a Bikexpress, que substituiu as motos pelas bicicletas. Além de ganhar a vida, ele dá emprego a 15 entregadores e contribui para aliviar o trânsito na cidade.
Os bikeboys da empresa têm entre 18 e 52 anos e fazem até 200 entregas por dia. Ex-office-boy, Anderson começou a pedalar há 20 anos. De 1996 a 2000, morou no Japão, onde foi soldador e só andava de bike.
Já Wagner Pacífico, 29, enxerga São Paulo do alto. Ele é sócio da Multispectral, empresa que faz o mapeamento aéreo da cidade, um dos elementos para orientar investimentos na metrópole. Espécie de Google Earth da capital, a empresa surgiu em 1989, com cinco funcionários, num sobrado simples do Campo Belo (zona sul de SP).
"Eram meu pai, minha mãe e três ajudantes", diz Wagner. Ele chegou a passar as férias da adolescência digitando mapas, no final dos anos 1990. Hoje, a Multispectral emprega 60 pessoas. Já ofereceu seus "mapas inteligentes" para cerca de mil clientes (400 são fixos).
A empresa possui até um avião para produzir mapas digitais a partir de fotos aéreas. Não só de São Paulo: cerca de 2.700 cidades já foram mapeadas.

Wilson
Não se pode dizer que Wilson seja bonito. Narigudo e com um enorme bigode, sempre usa óculos escuros. O boneco inflável que faz as vezes de carona em automóveis é criação de Juca Amaral, 42, que teve a idéia depois de saber que um acompanhante no carro reduz em 75% as chances de roubo.
O preço da invenção de Juca, cujo nome é inspirado no filme "O Náufrago", é de R$ 250. "Um amigo meu chama assim um boneco de espuma que coloca no sofá quando não está em casa, para espantar ladrões."
Os automóveis, por outra razão (os congestionamentos), motivaram o crescimento econômico de Jorge Bitar, 38, da Helimarte Táxi Aéreo, dono de uma frota de sete helicópteros. Ele transporta executivos. "Vamos buscá-los, levá-los para o hotel e de lá para as empresas."
Nas asas da falida Vasp, Jorge descobriu a paixão pelos ares. Aos 10 anos, ele voava com o pai até Mato Grosso do Sul, aonde os dois iam para pescar no Pantanal. Vinte e oito anos depois, ele não só é dono da frota de helicópteros como tem mais dois bimotores e um jatinho.


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