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Empresários "faturam" com soluções para caos de SP
Trânsito leva bikeboys e piloto de helicóptero a lucrarem com drama de paulistanos
Para lidar com violência, Juca Amaral criou Wilson, um boneco inflável que serve de companhia para motoristas no tráfego
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
Pegue uma área de 1,5 milhão
de m2 e adicione 10,9 milhões
de pessoas vivendo em condições desiguais. Depois, distribua 6,3 milhões de carros. Os
moradores de São Paulo conhecem a receita do caos.
Os problemas da metrópole,
entretanto, são matéria-prima
para alguns empreendedores.
Eles oferecem serviços criativos para tentar resolvê-los.
É o caso de Anderson Marcelo de Oliveira, 34, que inventou
a profissão de bikeboy e montou uma empresa de entregas, a
Bikexpress, que substituiu as
motos pelas bicicletas. Além de
ganhar a vida, ele dá emprego a
15 entregadores e contribui para aliviar o trânsito na cidade.
Os bikeboys da empresa têm
entre 18 e 52 anos e fazem até
200 entregas por dia. Ex-office-boy, Anderson começou a pedalar há 20 anos. De 1996 a 2000,
morou no Japão, onde foi soldador e só andava de bike.
Já Wagner Pacífico, 29, enxerga São Paulo do alto. Ele é
sócio da Multispectral, empresa que faz o mapeamento aéreo
da cidade, um dos elementos
para orientar investimentos na
metrópole. Espécie de Google
Earth da capital, a empresa surgiu em 1989, com cinco funcionários, num sobrado simples do
Campo Belo (zona sul de SP).
"Eram meu pai, minha mãe e
três ajudantes", diz Wagner. Ele
chegou a passar as férias da
adolescência digitando mapas,
no final dos anos 1990. Hoje, a
Multispectral emprega 60 pessoas. Já ofereceu seus "mapas
inteligentes" para cerca de mil
clientes (400 são fixos).
A empresa possui até um
avião para produzir mapas digitais a partir de fotos aéreas. Não
só de São Paulo: cerca de 2.700
cidades já foram mapeadas.
Wilson
Não se pode dizer que Wilson
seja bonito. Narigudo e com um
enorme bigode, sempre usa
óculos escuros. O boneco inflável que faz as vezes de carona
em automóveis é criação de Juca Amaral, 42, que teve a idéia
depois de saber que um acompanhante no carro reduz em
75% as chances de roubo.
O preço da invenção de Juca,
cujo nome é inspirado no filme
"O Náufrago", é de R$ 250. "Um
amigo meu chama assim um
boneco de espuma que coloca
no sofá quando não está em casa, para espantar ladrões."
Os automóveis, por outra razão (os congestionamentos),
motivaram o crescimento econômico de Jorge Bitar, 38, da
Helimarte Táxi Aéreo, dono de
uma frota de sete helicópteros.
Ele transporta executivos. "Vamos buscá-los, levá-los para o
hotel e de lá para as empresas."
Nas asas da falida Vasp, Jorge
descobriu a paixão pelos ares.
Aos 10 anos, ele voava com o pai
até Mato Grosso do Sul, aonde
os dois iam para pescar no Pantanal. Vinte e oito anos depois,
ele não só é dono da frota de helicópteros como tem mais dois
bimotores e um jatinho.
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