São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

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VESTIBULAR

Segundo professores, prova exigiu que aluno usasse subjetividade no texto; hoje há exames de história e de química

Fuvest usa catraca enferrujada como tema da redação

DA REPORTAGEM LOCAL

O tema da redação do vestibular da Fuvest foi a "descatracalização da vida", termo usado por um grupo artístico para criticar o controle do capital e do governo sobre os cidadãos. Aplicada ontem, a prova, juntamente com o exame de gramática e de literatura, marcou o início da segunda fase do maior processo seletivo do país.
Para chamar a atenção, o grupo colocou no ano passado uma catraca enferrujada em um pedestal no largo do Arouche (região central de São Paulo). "Foi pelo caminho certo o aluno que não ficou preso à catraca em si e estendeu o raciocínio a outros tipos de controle e de constrangimento presentes na nossa sociedade", disse a professora do laboratório de redação do Objetivo Cida Custódio.
Custódio considera que, devido à necessidade da subjetividade, a redação irá "selecionar muito bem" os candidatos. "A Fuvest sempre espera algo amplo."
A coordenadora de língua portuguesa do Etapa, Célia Bassoni, concorda que o aluno não deveria ficar preso à catraca em si. Para ela, o tema foi mais complexo do que do ano passado. "Sobre o tempo [tema do último vestibular], todo mundo já pensou. Mas sobre a descatracalização, não."
"Fiquei meio confuso", conta Eduardo Gonçalves Ungaretti, 18, candidato a uma vaga em engenharia. "Não sabia se ficava só na catraca ou se pegava o lado subjetivo. Fiz um texto mostrando que sou contra o controle de idéias."
Sobre o restante da prova, a coordenadora do Etapa disse que foi "de nível médio". Já para o professor de língua portuguesa do Objetivo Nelson Dutra, o exame estava um pouco mais fácil do que em anos anteriores. O coordenador da Fuvest, Roberto Costa, disse que a segunda fase está "um pouquinho mais fácil". Na primeira etapa, segundo ele, a queda na exigência foi mais evidente.
Costa afirmou que a prova transcorreu sem incidentes. Não compareceram ao exame 1.372 candidatos, número equivalente a 4,4% do total de convocados. No último vestibular, a taxa de abstenção ficou em 4,6%.
A partir de agora, os vestibulandos resolvem apenas as provas das disciplinas relacionadas à carreira escolhida. Hoje é a vez de história e química. Os portões serão abertos às 12h30 e fechados às 13h. O tempo máximo do exame é de três horas.
O vestibular oferece 9.947 vagas, distribuídas pela USP, pela Santa Casa de São Paulo e pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco. O resultado sai no dia 10 de fevereiro. (FÁBIO TAKAHASHI)


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