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Corregedoria vai investigar atuação da polícia no caso da moça morta pelo ex
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Corregedoria da Polícia Civil abrirá inquérito para apurar
a atuação dos policiais que receberam as denúncias de ameaças feitas pela recepcionista
Marina Sanchez Garnero, 23,
contra o ex-namorado Marcelo
Travitzki Barbosa, 29. Ele foi
preso em flagrante anteontem
acusado de ter matado a moça
com quatro tiros na última
quarta em uma academia de ginástica da Lapa, na zona oeste.
Marina procurou a polícia ao
menos quatro vezes para dizer
que o rapaz a ameaçava. Policiais do 7º DP (Lapa) e do 23º
DP (Perdizes) ouviram as duas
primeiras queixas - em julho
de 2005 e em maio de 2008- e
registraram termos circunstanciados (registro que é enviado diretamente à Justiça, sem
abertura de inquérito).
A Secretaria da Segurança
afirmou que esses documentos
foram enviados ao Juizado Especial Criminal do Fórum da
Lapa, que trata de infrações de
menor potencial ofensivo.
Porém, a Folha apurou que a
polícia deveria ter enviado o
caso para a Vara de Execuções
Criminais do Tribunal de Justiça, uma vez que, na época,
Barbosa cumpria em regime de
semiliberdade (tendo que voltar para a cadeia à noite) uma
pena de sete anos por roubo.
Na Vara, o motoboy constava
como sentenciado de bom
comportamento -tanto que
em junho passado ganhou o direito ao regime aberto, ou seja,
sem ter que aparecer na cadeia.
A assessoria de imprensa do
TJ afirmou que não recebeu
nenhum termo circunstanciado sobre o motoboy.
Em novembro, Marina voltou ao 7º DP e registrou um boletim de ocorrência. Disse que
o ex-namorado a ameaçou e a
agrediu com socos na cabeça.
Dezessete dias depois ela
voltou à delegacia para representar (ou seja, reafirmar sua
acusação) e só então um inquérito foi aberto. O suspeito foi
intimado pelo correio para ir à
delegacia, mas nunca apareceu.
Marina foi morta pouco mais
de um mês depois.
"O agressor é um ex-presidiário, ameaçou a menina ao
menos quatro vezes, e o delegado manda intimação pelo correio? Deveria ter pedido a prisão preventiva e avisado o juiz
da Vara de Execuções Criminais, para que fosse aberto processo para o retorno ao regime
fechado", diz o criminalista e
presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP,
Mário de Oliveira Filho.
"Não podemos mais banalizar fatos que envolvam ameaças sérias contra mulheres",
disse o desembargador do TJ e
presidente da Associação Paulista de Magistrados Henrique
Nelson Calandra.
Colaborou FÁBIO TAKAHASHI, da Reportagem
Local
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